- Seg, 21 Out 2013 09:49:00 -0200
Pesquisadores inovam na forma de mapear ruídos das cidades
A contaminação acústica gerada pelo tráfego de veículos atinge as grandes metrópoles em todo o mundo. Para analisar o impacto deste problema na capital do Brasil, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Católica de Brasília (UCB) realizaram um estudo na área de acústica ambiental com o objetivo de avaliar os níveis de pressão sonora gerados pelo tráfego das principais vias d a região Asa Sul, no Plano Piloto da cidade.
Uma das dificuldades encontradas por pesquisadores para fazer o mapeamento de ruídos em uma cidade é a necessidade de realizar a medida durante 24 horas, o que requer uma equipe de trabalho numerosa para a contagem manual e o custo é altíssimo. Nesta pesquisa, os pesquisadores da UnB e UCB utilizaram os dados do fluxo de registros dos contadores eletrônicos de veículos, os "pardais", fornecidos pelo Departamento de Trânsito (DETRAN) e Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do Distrito Federal para identificar a quantidade de veículos/hora, classificá-los em leves, motos e automóveis, ou pesados, caminhões e ônibus.
A pesquisa contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e inova com a proposição de uma nova metodologia para elaboração de mapas de ruídos, utilizando a contagem de veículos feita pelos controladores eletrônicos de velocidade, os pardais. A precisão da contagem do fluxo de veículos realizada por esses aparelhos foi considerada eficiente, pois apenas 5% do total de veículos são registrados como indefinidos. A grande vantagem é que esses aparelhos funcionam 24 horas por dia, todos os dias da semana, possibilitando a elaboração dos mapas de manhã, de tarde e de noite, e também determinar a evolução do nível sonoro ao longo do dia.
Inovação
Foram também realizadas medidas do ruído ambiental nas vizinhanças das vias, utilizando medidores de nível de pressão sonora, com o objetivo de validação dos mapas de ruído. "Isto é novo, pois validamos os mapas de ruído com dados fornecidos pelas instituições de fiscalização de trânsito no mesmo dia em que era realizada a medida do nível sonoro, permitindo um mapa mais preciso", disse o professor Armando Maroja, coordenador da pesquisa, que contou com a participação dos pesquisadores Sérgio Luiz Garavelli e Edson Benício de Carvalho Júnior da UCB.
Mapa de ruído Asa Sul
Além disso, os pesquisadores realizaram a simulação do impacto do funcionamento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um dos projetos importantes de mobilidade urbana previstos para Brasília.
O projeto de pesquisa permitiu realizar a avaliação acústica de três regiões da Asa Sul, identificando os níveis de pressão sonora nas vizinhanças da avenida W3, da L2 Sul e dos eixos rodoviários Leste e Oeste, confeccionando mapas que mostram a distribuição do ruído na cidade.
Ruídos acima dos limites
O projeto urbanístico de Brasília, de autoria de Lúcio Costa, leva a uma configuração espacial da cidade de modo a evitar problemas de poluição sonora no interior das quadras habitacionais. Porém, o aumento do fluxo de veículos nas vias está provocando de contaminação acústica significativa nos prédios às margens das principais vias da cidade e mesmo em prédios internos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o ruído como uma das principais formas de contaminação ambiental. Reações fisiológicas correlacionadas com níveis de ruído ambiente são toleráveis até 65 dB. A partir de 70 dB os problemas de saúde podem se agravar se a exposição for contínua, dependendo também da pré-disposição de cada indivíduo.
O estudo apontou que as regiões com maior índice de poluição sonora estão próximas às vias W3 e eixos Oeste e Leste da Asa Sul, principalmente nos horários de picos no início de manhã e no final da tarde. Já a L2 Sul, não ultrapassa os índices que geram problemas aos moradores, profissionais e usuários da área.
"Os prédios comerciais e residenciais localizados às margens da W3 Sul, por estarem próximos da via, sofrem um impacto de até 80 decibéis pelo grande fluxo de ônibus, o que é acima do permitido pela legislação para a região. Ao longo do tempo, a exposição pode causar problemas de saúde, como fadiga, perturbações do sono, doenças cardiovasculares, perdas auditivas, estresse, distúrbios digestivos, falta de concentração etc.", afirma o pesquisador e professor da UnB, Armando Maroja.
Ampliação do mapa de ruídos correspondendo à região da avenida W3 Sul localizada entre as quadras 304/704 e 307/707. O mapa apresenta a sobreposição de mapas de ruído onde à direita da linha imaginária que une as duas setas pretas o mapa corresponde à avenida W3 com 100% do tráfego veicular. A esquerda foi sobreposto o mapa no qual o tráfego veicular foi reduzido de 30% e acrescentado no canteiro central da avenida o VLT.
Impacto VLT
Outro resultado alcançado pelos pesquisadores foi a simulação inicial do impacto sonoro do funcionamento do Veículo Leve sobre Trilho na W-3 Sul, que está previsto para passar no canteiro central da via.
"A redução do tráfego de veículos automotores com a implantação do sistema VLT de Brasília é estimada em 30%. Além de mais espaço para os pedestres, estes trens têm baixo impacto ambiental relativo à poluição já que são veículos elétricos. São adaptáveis a qualquer região. A emissão sonora de um VLT é comparável a de 11 carros, mas tem capacidade de transporte de centenas de pessoas", afirma Armando Maroja.
Os resultados da simulação mostram claramente que a implantação do VLT, desde que acompanhada da redução do tráfego de veículos, vai reduzir os Níveis de Pressão Sonora (NPS) na região em até 2 dB.
Quem mora próxima da avenida vai continuar a receber níveis de pressão sonora muito acima do recomendado, mas existe a perspectiva em médio prazo de manutenção e mesmo pequena redução dos níveis de pressão sonora na região, de acordo com o coordenador da pesquisa.
Equipe de Popularização da Ciência
popciencia@cnpq.br
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas