- Qua, 26 Mar 2014 10:15:00 -0300
Aïda Espinola: uma pioneira da área de química industrial
A pesquisadora Aïda Espinola tinha o sonho de ser doutora em medicina, mas, por influência do pai, acabou partindo para a química industrial, área em que se destacou com os estudos das rochas dos reservatórios de petróleo no Brasil.
Mesmo não alimentando sentimentos como “pioneira da ciência” e “desbravadora” e próxima de inaugurar seus 94 anos, o seu currículo traz ainda o curso de engenharia química, como também mestrado e doutorado nos Estados Unidos e quatro pós-doutorados. Aos 21 anos passou no concurso para tecnologista do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Destacam-se, ainda, o título de Pesquisadora Emérita do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da americana Universidade Estadual da Pensilvânia.
Um fato histórico mundial foi seu laboratório ter sido convidado pela NASA para analisar as amostras de rochas recolhidas em locais pré-determinados na Lua por Neil Armstrong na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Seus estudos também foram importantes para construir o ônibus verde, movido a hidrogênio, que circula hoje na UFRJ.
Sobre as pesquisas na sua área, Aïda Espinola ressalta que “quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos”.
Confira abaixo entrevista com Aïda Espinola:
A sra. se dedicou a estudar os minérios brasileiros, trabalho que, inclusive, resultou em várias honrarias e recebimento de prêmios. Por que este tema despertou sua atenção, principalmente no momento em que o Brasil ainda não tinha tradição em pesquisa? Qual importância para um país ter o mapeamento do seu solo e subsolo?
O meu grande sonho era ser "doutora", e entendia que deveria cursar medicina. Meu pai foi aconselhado por um amigo que trabalhava com ele, e que dizia "esta menina é muito bonita. Se ela for cursar medicina, que tem duração de seis anos, ela não completará o curso, porque casará bem antes. Ela tem de fazer química, que são quatro anos". Convenceu-o, assim, de que eu estudaria química. Eu obedeci prontamente.
Logo após minha formatura, indo visitar a Escola Nacional de Química, logo à entrada, encontrei dois colegas, um deles, Paulo Emidio Barbosa, os quais informaram-me que o Departamento Nacional da Produção Mineral tinha aberto concurso para o cargo de tecnologista químico. Retornando à minha casa, comentei com mamãe, que logo se informou da documentação necessária, providenciando a minha inscrição.
O meu resultado, neste concurso público do DASP, foi de 1º lugar para o cargo de tecnologista químico, com admissão em março 1942. Trabalhando nos laboratórios do DNPM durante vários anos, realizei inúmeras análises, que atualmente são reconhecidas de grande importância em termos do conhecimento de reservas minerais no Brasil.
Quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos.
Quais são os grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar para estimular e apoiar a pesquisa em engenharia química?
Atualmente, temos grandes centros de pesquisa que estão à frente de novos conhecimentos, destacando-se a COPPE/UFRJ, sob a direção de Luiz Pinguelli Rosa, Segen Farid Estefen e Edson Watanabe, que desenvolvem vários projetos pioneiros, tais como o Ônibus a Hidrogênio (o Ônibus Verde) e a Geração de Energia por Ondas do Mar.
Seu laboratório foi escolhido pela Nasa para analisar rochas recolhidas na Lua. Que material foi analisado? Ficamos com algum material? Além da senhora, qual equipe a auxiliou?
Uma das curiosidades de meu trabalho em análises de rochas foi ter sido, o meu laboratório, escolhido pela NASA, entre numerosos outros laboratórios, para análise das amostras de rochas recolhidas na Lua por Neil Armstrong em locais pré-determinados na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Esta expedição foi responsável pelo lançamento de diversas tecnologias, das pilhas a combustível ao sistema da comida desidratada, passando pelas comunicações sem fio (Wi-Fi). Meu trabalho de laboratório era, comumente, sem auxiliares imediatos.
Como a sra. vê iniciativas que visam a tornar a ciência mais conhecida do público?
Figuras publicadas na ACS News, C&EM, 4 dez. 1995, pág. 46.
São essencialmente importantes as iniciativas para tornar a ciência mais conhecida, despertando o interesse desde as crianças. Nos diversos anos em que residi nos Estados Unidos, participei da Semana Nacional de Química, que é uma atividade para todas as escolas, e para crianças de todas as idades, que assim se iniciam com várias experiências e descobertas, sendo despertadas para esse campo. Algumas já declaram: "Vou ser Químico". No Brasil, estimulando este conhecimento, o Ministério da Ciência e Tecnologia iniciou, no ano de 2004, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que foi instituída mediante Decreto Federal datado de 09 de junho de 2004 e regulamentada pela Portaria 352. Dentre os seus principais objetivos, destaca-se a aproximação da comunidade, principalmente as crianças e os jovens, das atividades científicas e tecnológicas, propiciando que a população tome ciência de resultados obtidos e, desta forma, possa discutir a importância e os impactos de tais atividades no cotidiano.
Como é se sentir uma pioneira, uma desbravadora?Na minha atividade, não aplico sentimentos especiais, como os de pioneira e desbravadora. Sempre executei o trabalho com naturalidade, sem artifícios. Nunca fui discriminada, em qualquer atividade, seja no estudo na escola, na universidade, na pesquisa científica. E, aos alunos, sempre procurei estimular, a busca de publicações novas. Vale o destaque ao meu interesse pelo valor da ética, repetindo que, na China, a falta de ética pode levar ao rompimento do contrato de emprego universitário.
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
Foto: Daryan Dornelles (revista CLAUDIA)
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas