- Seg, 06 Mai 2013 15:25:00 -0300
INCT e Museu Goeldi criam sistema para auxílio na gestão de áreas florestais
O avanço do conhecimento na Amazônia permitiu a um grupo de pesquisadores criar um sistema direcionado ao auxílio da gestão ambiental nas áreas florestais. Nomeado como Sistema de Classificação do Estágio Sucessional da Vegetação Secundária e conhecido por “Capoeira Classe”, a base de dados considera o tempo de abandono incorporando informações estritamente relevantes, como os diferentes estágios de regenerações próprias das florestas, que sofreram algum tipo de intervenção, seja pelo desmatamento da cobertura primária, degradação decorrente de atividades humanas ou distúrbios naturais significativos.
A pesquisadora Ima Vieira acredita que a iniciativa pode contribuir significativamente no avanço da regulamentação das políticas públicas relacionadas à gestão de recursos florestais ou até mesmo, aquelas voltadas às atividades realizadas no campo, que não costumam distinguir as florestas primárias das secundárias. “Nossa proposta considera não apenas os diferentes estágios de recuperação das florestas secundárias, como também as necessidades específicas e oportunidades de aproveitamento econômico”, informa Ima, coordenadora do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia.
“Contrariamente ao que é verificado na Mata Atlântica, onde para cada Estado existe uma resolução específica do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) preconizando quais características das formações secundárias devem ser avaliadas para a correta classificação do estágio sucessional em que se encontram e o que pode ser suprimido, para a Amazônia não temos qualquer mecanismo legal por parte dos governos estaduais ou federal”, explica Ima.
A elaboração do sistema é uma iniciativa do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e conta com o apoio das empresas Petrobrás Biocombustíveis e Belém Bioenergia Brasil.
Pesquisa - A vegetação secundária considera três “estágios sucessionais” - expressão técnica que se refere às fases de regeneração -, o inicial, o intermediário e o avançado. “Como, até então, não havia na literatura científica nem na legislação brasileira um modelo que detalhasse para a Amazônia os aspectos a serem considerado nas avaliações técnicas, as secretarias e órgãos de meio ambiente da região até hoje apresentam sérias dificuldades para realizar, de forma adequada e precisa, o licenciamento dessas áreas para fins de supressão, manejo e conservação”, esclarece Ima.
Com objetivo de preencher esta lacuna surgiu a proposta de instituir um sistema que classifique estágios sucessionais da vegetação secundária, consolidado após revisão dos estudos existentes e realização de trabalhos complementares de campo em três municípios paraenses. A pesquisa ocorreu através de inventários e da análise de 18 indicadores relacionados à flora e à estrutura da vegetação de diversas idades ou tempos de abandono.
“A partir dos anos 70, quando começa a intensa modificação do uso do solo na Amazônia, temos estudado a substituição das florestas primárias e secundárias por pastagens e, mais recentemente, pela silvicultura de espécies bioenergéticas, como o dendê”, contextualiza o coordenador da pesquisa Rafael Salomão, que também aponta os produtores rurais, incluindo os agricultores familiares, como os principais beneficiários do novo sistema.
“Na prática, a melhor classificação oferece mais oportunidades de aproveitamento socioeconômico e ambiental por parte dos proprietários, garantindo a oferta de produtos florestais não-madeireiros, a produção sustentável da madeira e a recomposição de passivos ambientais na região”, completa Salomão.
Índices - A Organização Internacional de Madeira Tropical (ITTO, sigla em inglês) aponta que, ainda no começo da década de 2000, as florestas secundárias já representavam mais de 35% da cobertura vegetal encontrada nos trópicos. Considerando que esse tipo de paisagem costuma ser intensamente modificada pelo homem, os fragmentos de florestas secundárias podem ser essenciais para a conservação da biodiversidade remanescente e à manutenção de serviços ambientais importantes, como a estocagem de carbono, a proteção de cursos d’ água e a garantia de aspectos do equilíbrio ambiental como temperatura e umidade.
“Além disso, com a inserção do Cadastro Ambiental Rural no texto do novo Código Florestal Brasileiro e de programas de regularização ambiental como o “Mais Ambiente” entre os instrumentos legais, a tendência é que para se adequar às normas - que exige na Amazônia a manutenção de 80% da reserva legal nas propriedades inseridas fora da área destinada à produção pelo Zoneamento Ecológico Econômico dos estados -, muitos abandonem terras anteriormente exploradas, gerando um contingente de vegetação secundária passível de ter seus recursos planejados e usados de forma racional. Ou ainda, suas funções ambientais integralmente restabelecidas”, observa Ima.
Por esse motivo, um número crescente de pesquisadores defendem que as políticas de governo e as próprias ações de produtores rurais aprimorem suas práticas e considerem a importância de manter ou permitir o desenvolvimento desse tipo de vegetação.
O pecuarista Mauro Costa, que preside o Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, município localizado no Nordeste Paraense, defende que tornar mais ágeis e intensas às medidas estatais de regularização fundiária é uma forma promissora de gerar o convencimento necessário no setor sobre as questões que envolvem a recomposição florestal impostas pela lei. “O diálogo com pesquisadores e o uso de informações técnico-científicas também são essenciais no desenvolvimento de modelos mais sustentáveis no campo”, acredita.
“Considero importantíssima esta iniciativa. O que acontece conosco na atividade pecuária é um desconhecimento muito grande. Poderíamos dar mais valor à reserva se soubéssemos o valor que ela tem e como fazer para minimizar os impactos da atividade”, diz. “Toda atividade gera algum tipo de impacto. Através do conhecimento das pesquisas temos condições de diminuir essa defasagem”, completa.
Coordenação de Comunicação Social
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas