O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Observatório das Metrópoles está lançando a publicação Rio de Janeiro: transformações na ordem urbana com a análise mais completa sobre as mudanças urbanas ocorridas na metrópole fluminense, no período que vai de 1980 a 2010, a partir de temas como estrutura produtiva, transição demográfica, organização social do território, mobilidade urbana, moradia, saneamento básico, governança urbana, entre outros.
Organizado pelo pesquisador Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e coordenador do INCT Observatório das Metrópoles, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outras agências, Rio de Janeiro: transformações na ordem urbana é uma coletânea de 20 capítulos, assinados por 24 pesquisadores da rede fluminense do Observatório, que oferece uma abordagem crítica sobre o desenvolvimento metropolitano do Rio nas últimas três décadas.
Segregação
O Observatório das Metrópoles interpreta a dinâmica socioterritorial da metrópole do Rio de Janeiro a partir de um padrão de segregação residencial complexo a partir de duas escalas: na microescala, com a proximidade territorial e a distância social entre as classes sociais, evidenciadas pela presença das favelas nas áreas de concentração do poder econômico e político e, na macroescala, com a concentração das camadas populares nas sucessivas periferias formadas a partir do núcleo da cidade do Rio de Janeiro.
Esse padrão de segregação está presente a muitas décadas na dinâmica da metrópole fluminense, e é gerador de desigualdades urbanas. De um lado, áreas com elevada concentração dos grupos que ocupam as posições mais elevadas da estrutura social constituem também um poder econômico e político que tende a influenciar a seu favor as decisões públicas em matéria de alocação de investimentos, se apropriando da maior parcela dos benefícios decorrentes, em termos de bem-estar urbano e oportunidades sociais. Ao mesmo tempo, esses grupos tendem também a serem beneficiados em termos de riqueza patrimonial, uma vez que a alocação seletiva dos investimentos urbanos produz impactos diferenciais na valorização da moradia e do solo urbano.
Série Metrópoles
Rio de Janeiro: transformações na ordem urbana faz parte da série METRÓPOLES: transformações urbanas, resultado dos estudos da rede nacional de pesquisa INCT Observatório das Metrópoles, que há mais de 15 anos vem consolidando um trabalho em rede multidisciplinar, de produção de conhecimento científico, de metodologias e ferramentas para a pesquisa da questão metropolitana.
Com o objetivo de oferecer a análise mais completa sobre a evolução urbana do país, servindo assim de subsídio para a elaboração de políticas públicas e para o debate sobre o papel metropolitano no desenvolvimento nacional, esta série mostra o esforço dos pesquisadores do Observatório para a produção de conhecimento científico em rede relacionado ao planejamento urbano e áreas afins: são 14 livros, 169 capítulos e cerca de 270 autores das mais variadas áreas do saber analisando as transformações urbanas das principais metrópoles do Brasil no período 1980-2010, a partir de temas como organização social do território, demografia, rede urbana, dinâmicas de metropolização, moradia, mobilidade urbana, governança metropolitana, bem-estar urbano, entre outros.
A Coleção Metrópoles: transformações na ordem urbana representa a etapa mais importante do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) para o Observatório das Metrópoles. Segundo o coordenador nacional da Rede, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, o Observatório vem acumulando expertise sobre a temática metropolitana há mais de 15 anos, a partir da consolidação de um trabalho em rede multidisciplinar, de produção de conhecimento científico, de metodologias e ferramentas para a pesquisa da questão metropolitana.
"Esse projeto significou o nosso maior desafio: incorporar os dados do Censo 2010 relacionados às transformações ocorridas nas principais metrópoles na última década, e oferecer à sociedade brasileira a análise mais completa sobre a evolução urbana nos últimos 30 anos. Agora estamos lançando a coleção resultado dos esforços de uma grande equipe multidisciplinar de pesquisadores, demonstrando a capacidade de uma pesquisa cooperativa e colaborativa em Rede a partir de um marco metodológico", explica Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro.
Na apresentação da Coletânea, o coordenador do INCT Observatório da Metrópole diz que espera que os resultados da pesquisa realizada "possam contribuir com dados, análises e reflexões para o melhor entendimento da natureza, complexidade e importância destes desafios para o desenvolvimento nacional e que também possam servir de insumos para a construção de um incontornável projeto de reforma urbana-metropolitana do país".
"É imperativo a adoção de uma estratégia de desenvolvimento nacional que dê respostas às necessidades de um outro modelo metropolitano sem o qual, como sociedade, estaremos condenados a uma variante da maldição de Sísifo: o que a economia produz como promessa de bem-estar individual, a metrópole transforma em mal-estar-coletivo", destaca o coordenador do INCT.
O INCT
O Observatório das Metrópoles vem se dedicando desde 1996 à pesquisa da dimensão metropolitana da questão urbana brasileira. Foi fundado em 1996 como um projeto focado na metrópole fluminense; em 1997, passa a integrar o Programa Nacional de Núcleos de Excelência - PRONEX, e, em 2005, o Programa Nacional Institutos do Milênio; em 2009, passa a se constituir como Instituto de Ciência e Tecnologia (INCT).
Para desenvolver os estudos, foi necessário envolver uma equipe multidisciplinar de pesquisadores integrantes de programas de pós-graduação centralmente integrantes das subáreas das ciências sociais aplicadas e organizados em núcleos locais em 15 principais aglomerações urbanas do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Baixada Santista, Curitiba, Porto Alegre, Maringá, Goiânia, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Natal e Belém.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq com informações da Assessoria de Comunicação - Observatório das Metrópoles