- Qui, 04 Out 2012 13:25:00 -0300
Roberto Salmeron é homenageado com lançamentos de sua autoria
O físico e professor Roberto Salmeron foi homenageado nesta quarta-feira (3) pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Universidade de Brasília (UnB). O ministro Marco Antonio Raupp e o reitor José Geraldo de Sousa Júnior estavam presentes ao evento, no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), na capital federal. A cerimônia incluiu o lançamento de dois livros: Homens que nos Ensinaram a Concepção do Mundo e uma versão atualizada de A Universidade Interrompida: Brasília 1964/1965 ¿ ambos pela Editora Universidade de Brasília.O físico e professor Roberto Salmeron foi homenageado nesta quarta-feira (3) pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Universidade de Brasília (UnB). O ministro Marco Antonio Raupp e o reitor José Geraldo de Sousa Júnior estavam presentes ao evento, no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), na capital federal. A cerimônia incluiu o lançamento de dois livros: Homens que nos Ensinaram a Concepção do Mundo e uma versão atualizada de A Universidade Interrompida: Brasília 1964/1965 ¿ ambos pela Editora Universidade de Brasília.
Aos 90 anos, Salmeron teve sua trajetória lembrada na homenagem. O cientista foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF, hoje ligado ao MCTI) e durante anos integrou o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) como o único pesquisador não europeu. Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), é também diretor-pesquisador emérito do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) e um dos criadores do Instituto Central de Física da UnB.
"A reedição de Universidade Interrompida é um dos grandes depoimentos sobre a história e os momentos críticos da nossa universidade", disse o reitor Sousa Júnior. "Fala de sua paralisação enquanto projeto, mas traz também uma mensagem de esperança que ela sempre se reconstrói." O livro, lançado originalmente em 1999, relata a crise que atingiu a UnB no período inicial do regime militar, marcado por invasões policiais, prisões e o afastamento de 79% dos docentes ¿ Salmeron entre eles.
"Nossa homenagem não é classista", pontuou o ministro Raupp, destacando a importância do papel desempenhado pelo homenageado. "Afinal, a universidade foi interrompida, mas as grandes ideias continuam."
Sobre Homens que nos Ensinaram a Concepção do Mundo, o reitor comentou: "É lançado como parte dessa comunhão de sentimentos que o MCTI, CNPq, comunidade científica e a comunidade de nossa instituição tomaram como uma maneira de homenageá-lo. O senhor também integra o grande panteão de homens que ensinam a concepção de mundo, de sociedade e de solidariedade." No livro, o autor trata da vida e da obra de 13 grandes cientistas: Aristóteles, Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Tycho Brahe, Kepler, Newton, Darwin, Faraday, Maxwell, Dirac, Bohr e Einstein.
Também participaram da homenagem o senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, o pesquisador titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Alberto Santoro e o diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), Lívio Amaral.
Referência - José Geraldo de Sousa Júnior enfatizou a importância de Salmeron para a qualificação do entendimento sobre temas hoje prioritários para o país. "Pela primeira vez, nós sentimos que o gesto de pessoas como o senhor afinal calou fundo na responsabilidade inclusive dos dirigentes, já que hoje ciência, tecnologia e educação estão inseridos como centros estratégicos do desenvolvimento nacional".
Coube ao presidente do CNPq mencionar algumas das realizações do físico com base em documentos localizados pelo Centro de Documentação da agência vinculada ao MCTI. "Consegui resgatar alguns documentos enviados a esta instituição. Uma solicitação de auxílio para materiais diversos destinados ao CBPF, de 1961. A consulta sobre se o conselho ainda auxiliava o retorno de cientistas brasileiros ao país, para que ele pudesse receber o benefício com objetivo de trabalhar novamente no Brasil, em 1963. Já na Universidade de Brasília, ele solicita vários equipamentos, com destaque para uma câmara de bolha, e identifica qual era a equipe de jovens membros do Instituto de Física no segundo semestre de 1965. Entre eles, Marco Antonio Raupp", narrou.
Glaucius Oliva fez menção à mudança na realidade do país entre o início da carreira de Salmeron e hoje. "Atualmente, temos a Plataforma Lattes com mais de 2,8 milhões de currículos, 500 mil destes de mestres e doutores", disse. "A comunidade produz cerca de 35 mil artigos, anualmente, o que coloca o país em 13º na produção científica mundial. São 40 mil mestres e 12 mil doutores formados anualmente. Cerca de 6,5 milhões de alunos matriculados no ensino superior. Comparando a época em que Roberto iniciou sua história na academia na década de 50, quando 85% da população brasileira vivia em zonas rurais, a grande maioria analfabeta, temos hoje esse quadro invertido, 85% vive em zona urbana.".
O pesquisador Alberto Santoro destacou que o homenageado é referência para a comunidade científica. "Eu espero que todos nós continuemos a lutar pelo Brasil, sobretudo, por uma ciência melhor e pela física experimental de altas energias em nosso país. É tudo que nós queremos, assim como fez nosso homenageado. Obrigado, Salmeron."
Atuação acadêmica - Como primeiro coordenador dos institutos Central de Ciência e Tecnologia e Central de Física da UnB, Salmeron acompanhou a intervenção do governo brasileiro na época da ditadura militar, que culminou no afastamento coletivo de professores e estudantes, em outubro de 1965. Durante a cerimônia, o tema foi abordado com ênfase. "Ele era uma liderança que estava sempre ao lado dos alunos. Na época havia vários generais, mas o de campo que estava construindo era o Roberto Salmeron. Quando aconteceu o problema na universidade, ele demonstrou também a capacidade de liderança da comunidade em uma situação adversa. Talhado, sempre equilibrado, mesmo com a responsabilidade de nos orientar", definiu Raupp.
Rollemberg enfatizou a importância do ato, que mobilizou a capital do país na ocasião. "Gostaria de ressaltar seu exemplo de conduta ética ao não se curvar junto com 222 professores, que naquele momento se demitiram da Universidade de Brasília, por não concordar com qualquer tipo de privação da inteira liberdade que os professores e pesquisadores devem ter com a sua atividade", apontou. "Sem dúvida atitudes como a de vocês contribuíram para a composição do país democrático que conhecemos."
Lívio Amaral, por sua vez, lembrou os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade. "Eu espero que, agora, muitos documentos daquela época sejam trazidos à tona e colocados à disposição de toda comunidade e brasileiros. Certamente, nós veremos tudo que nos disse Salmeron na época e ainda mais, o que só vem a engrandecer o livro Universidade Interrompida", afirmou.
Sobre o homenageado - Roberto Aureliano Salmeron nasceu em 16 de junho de 1922 em São Paulo. Doutorou-se na Universidade de Manchester, sob orientação do Nobel de Física Patrick M. S. Blackett. Presidiu três congressos internacionais de física e foi conselheiro para atribuição do Nobel da disciplina. Integra as sociedades Brasileira e Europeia de Física e a The New York Academy of Sciences.
Texto: Ricardo Abel ¿ Ascom do MCTI
Fotos: Marcelo Gondim ¿ ACS/CNPq
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas