- Sex, 26 Out 2012 19:35:00 -0200
Ciência é para todos, afirma Bagnato, eleito membro da Academia Pontifícia das Ciências do Vaticano
O Shopping Iguatemi São Carlos recebe neste fim de semana a exposição científica Semóptica, com o tema Ciência e Sociedade, e tem o objetivo de mostrar aos visitantes os resultados de pesquisas do Grupo de Óptica e de outros departamentos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).O Shopping Iguatemi São Carlos recebe neste fim de semana a exposição científica Semóptica, com o tema Ciência e Sociedade, e tem o objetivo de mostrar aos visitantes os resultados de pesquisas do Grupo de Óptica e de outros departamentos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar).
Para o coordenador geral do evento, o físico e pesquisador Vanderlei Salvador Bagnato, a Semóptica é também uma oportunidade para, inclusive, envolver os estudantes nesta tarefa. "Ciência não é um bem para os cientistas. Se assim fosse, a sociedade não deveria pagar uma conta tão alta. Ciência é para todos", afirma o pesquisador Bagnato.
Bagnato, que foi eleito membro da Academia Pontifícia das Ciências do Vaticano e receberá das mãos de Bento XVI a insígnia de membro da academia em 7 novembro, acredita que esta indicação será algo mais útil para o Brasil do que para si, pois vai "estar em contato com os debates de grande valor científico e verificar como os brasileiros estamos inseridos ou temos que nos inserir neste contexto".
Vanderlei Bagnato coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Óptica e Fotônica, programa do CNPq em parceria com diversas instituições, que, além das atividades de pesquisas, desenvolve ações de comunicação pública da ciência por meio de uma programação durante 24 horas em um canal de televisão, elaboração de livros, kits educativos e eventos em escolas. "Com apoio do CNPq, estaremos levando uma exposição científica para as margens do Rio Negro, de tal maneira que os alunos que vivem nas comunidades ribeirinhas poderão ver ciências, praticar ciências etc.", informa o pesquisador.
A seguir, a entrevista do pesquisador Vanderlei Bagnato ao portal do CNPq:
O tema da exposição este ano é Ciência e Sociedade. Por que este tema?
Nossa exposição mostra a todo cidadão aquilo que estamos fazendo. É uma excelente oportunidade para inclusive envolver os estudantes nesta tarefa.
Uma das grandes responsabilidades da ciência brasileira é com nossa sociedade. Apesar de trabalharmos intensamente para produzir o avanço do conhecimento, temos que estar em estado de alerta para usá-los para promover soluções para os nossos problemas. Estamos levando este propósito a sério tanto na área da saúde quanto na educacional. Não se trata de parar de publicar ou de gerar o novo, nosso propósito vai além disto. Aplicamos nossos conhecimentos para melhorar e disponibilizar para a sociedade brasileira aquilo que há de mais moderno em diagnóstico e tratamento de doenças. Nosso foco no câncer e no controle microbiológico tem gerado muita coisa boa em termos de produtos, fármacos e protocolos. Como não basta fazer, é preciso tornar este conhecimento público da forma mais ampla possível.Qual a importância de aproximar o público leigo da ciência?
Ciência não é um bem para os cientistas. Se assim fosse, a sociedade não deveria pagar uma conta tão alta. Ciência é para todos. Em especial, para nossos cidadãos que trabalham, pagam impostos etc. e saber que seus esforços estão sendo convertidos em bens, empregos, conhecimento e, mais importante, com seriedade e compromisso. Vejo como uma obrigação. Ciência tira a pessoa da ignorância. Quem vê uma demonstração científica jamais esquece ou deixa de acreditar. Este é nosso objetivo maior, tornar ciências um bem público.
Que ações o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Óptica e Fotônica têm desenvolvido nesta área?
Programas como o dos INCTs constituem-se em forma quase única de conjugar ciência e difusão. O fato de estar procurando realizar pesquisas na fronteira do conhecimento e ao mesmo tempo se preocupar com que este conhecimento esteja presente para todos é um fato único destes grandes projetos. Tanto o INCT quanto o programa Cepid-Fapesp são formas de fazer esta ligação e gerar em todos a preocupação em divulgar sua ciência, não apenas nas revistas. No nosso INCT, temos uma canal de TV, 24 horas no ar cuja programação pode ser vista em http://cepof.ifsc.usp.br/, além de matérias no site, livros, kits educativos levados a escolas e programas com as escolas pré-escolares. Fazemos isto diretamente e também em parceria com as diversas empresas que estão ao nosso redor. Com apoio do CNPq, estaremos levando uma exposição científica para as margens do Rio Negro, de tal maneira que os alunos que vivem nas comunidades ribeirinhas poderão ver ciências, praticar ciências etc. Vamos levar mais de 20 experimentos, kits e filmes. Acho que será um grande sucesso.
Estamos muito entusiasmados em levar ciências para o Amazonas. Isto também mostra nossa preocupação, extrapolando as fronteiras do estado de São Paulo. Queremos um Brasil digno para todos, e difundir ciências é importante neste contexto.
Recentemente o senhor foi eleito membro da Academia Pontífícia das Ciências do Vaticano e receberá a insígnia no próximo 7 de novembro?Pertencer a uma Academia de Ciências, por onde passaram os maiores nomes da ciência mundial, já é por si só uma grande honra. Imagine você estar numa sala onde mais de um terço dos membros foram agraciados com o Nobel. É para mim um momento especial para aprender novas ideias e poder debatê-las. Eu vejo como algo novo em minha vida. Conseguir estar em contato com os debates de grande valor científico e verificar como nós, brasileiros, estamos inseridos ou temos que nos inserir neste contexto. Será algo mais útil para o Brasil do que pessoalmente. Não vejo de forma alguma como uma glorificação pessoal, mas, pelo contrário, com muita responsabilidade. Na minha vida, sigo muito o provérbio que não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem, e esta é uma oportunidade ímpar para isto. Além de tudo, estar num lugar como o Vaticano, na presença, importante histórico e determinador de diversos rumos de nossa humanidade e à frente de uma personalidade importante como o Santo Padre, é um grande privilégio.
Qual a importância desta nomeação para o senhor e para a ciência no país?
Ainda não sei direito o motivo de tal indicação. Sou um cientista que me insiro na média brasileira, trabalhando bastante em prol do desenvolvimento de ideias e provas de princípios. Acho que, neste sentido, muitos outros brasileiros estariam talvez até melhor preparados que eu. Procuro fazer uma ciência que tenha responsabilidade social. Acredito muito no fato que a ciência tem que melhorar a vida do homem e não prejudicá-lo. Uma grande parte dos meus esforços científicos inclui avançar o conhecimento básico das coisas, mas não parar por aí. Procuramos, eu e minha equipe, usar o conhecimento para melhorar a saúde da população brasileira com novas técnicas; disponibilizar para a sociedade brasileira aquilo que há de melhor em tecnologia. Também me preocupo muito em tornar ciência disponível para todos. Não acho que devemos ensinar ciências apenas para cientistas, mas a todo cidadão para não deixá-lo ignorante com a vida ao seu redor. Tenho levado e trazido ciências para diversas partes do mundo, como África e Paquistão, além de procurar desenvolver parcerias e colaborações com a América Latina. Acho que todo este contexto é que chamou a atenção de algumas pessoas que acabaram me indicando, e o papa aprovou. Mas não tenho dúvida que um número enorme de cientistas brasileiros ocupariam com destaque este posto. Para a ciência do país não saberia dizer, mas, para mim, foi uma agradável surpresa e responsabilidade que espero cumprir com esforço e dedicação.
Saiba mais sobre a Exposição Semóptica aqui.
Assessoria de Comunicação Social do CNPq
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas