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MARINA DE VASCONCELLOS (1912-1973)Antropóloga
Marina Delamare São Paulo de Vasconcellos nasceu em 25 de março de 1912, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, filha de Aleixo de Vasconcellos e Dinorah Delamare São Paulo de Vasconcellos. A mãe faleceu no parto do segundo filho, que também não sobreviveu. O pai, médico e pesquisador em Manguinhos, da equipe de Oswaldo Cruz, confiou a educação da filha, ainda criança, aos avós, Aureliano Nóbrega de Vasconcellos e Francisca Vasconcellos...Marina Delamare São Paulo de Vasconcellos nasceu em 25 de março de 1912, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, filha de Aleixo de Vasconcellos e Dinorah Delamare São Paulo de Vasconcellos. A mãe faleceu no parto do segundo filho, que também não sobreviveu. O pai, médico e pesquisador em Manguinhos, da equipe de Oswaldo Cruz, confiou a educação da filha, ainda criança, aos avós, Aureliano Nóbrega de Vasconcellos e Francisca Vasconcellos. Aleixo de Vasconcellos casou-se novamente com a italiana Lina Pianucci Martinelli, com quem teve dois filhos, Carlos e Sylvia.
Marina estudou no tradicional Colégio Jacobina e com 20 anos ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Naqueles anos de Faculdade, casou-se com o colega Antônio Andrade Pacheco, falecido, porém, ainda no primeiro ano de casamento. Em 1945, Marina se casaria novamente com Isacir Telles Ribeiro, capitão do Exército, de quem se separaria em inícios de 1950.
Bacharel em Direito, Marina retornou à universidade para cursar História em 1936, compondo uma das primeiras turmas da Universidade do Distrito Federal (UDF), extinta pelo Estado Novo que transferiu os alunos daquela para a recém-fundada Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil.
Na FNFi, Arthur Ramos era o catedrático de Antropologia e Etnografia. Marina, sua aluna também no curso de aperfeiçoamento com duração de 2 (dois) anos e secretária da recém-criada Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia (SBAE), tornou-se, em 1941, legalmente sua substituta. Com a morte precoce do mestre, em 1949, quando de sua estada na Unesco, Marina prestava, no ano seguinte, concurso para livre-docente da cadeira e se tornava a primeira mulher a integrar o corpo docente do curso de Ciências Sociais da FNFi, além da única mulher a ocupar neste uma cátedra, trabalhando incansável e cotidianamente para a consolidação e expansão da Antropologia como disciplina autônoma, tornando a formação de pesquisadores uma atividade atraente e regular.
Já sob o regime de exceção inaugurado em 1964 com o Golpe Militar, em 1967, devido à reforma universitária, a FNFi foi desmembrada em faculdades, escolas e institutos, criando-se ainda os departamentos ao mesmo tempo em que a cátedra e o sistema seriado de ensino eram extintos. Marina tornou-se chefe de departamento de Ciências Sociais e figura-chave na criação do IFCS, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais a reunir os cursos de Ciências Sociais, História e Filosofia da nova UFRJ.
Num quadro de profunda tensão, sua trajetória profissional tomou novos rumos. Desfrutando da confiança dos colegas, tendo seu nome desvinculado de qualquer facção política, Marina assumiu a direção do Instituto. A gestão de um barril de pólvora, a atrair a hostilidade dos setores da repressão mais radicais, fez sobressair em Marina de Vasconcellos a valente guardiã da autonomia universitária. Enfrentando ameaças de bombas e invasões, a diretora procurava manter um espaço acadêmico de liberdade e de legalidade, posicionando-se contra toda forma de extremismo, ao mesmo tempo em que adquiria uma especial sensibilidade para lidar com os jovens alunos, protegendo-os, bem como a colegas, em sua integridade física e moral. Tornava-se assim a bússola em meio ao temporal. Após inúmeras tribulações, no início de 1969, Marina deixou a direção, contudo, seu martírio apenas começava. Cassada em abril de 1969, Marina ainda seria surpreendida, em junho de 1969, na vinda da missão Rockefeller ao Brasil, com a prisão, permanecendo desaparecida por intermináveis seis dias até ser localizada por seus próprios alunos sendo o pai de um deles general. O declínio da saúde veio nos poucos anos seguintes. Submetida à cirurgia devido a aneurisma cerebral, por um erro de anestesia, em 12 de fevereiro de 1973, sua vida - doada à universidade, aos alunos e à consolidação da disciplina Antropologia e Etnologia no Brasil - foi bruscamente interrompida.
Autoria:
Adelia Miglievich-Ribeiro é Doutora em Ciências Humanas – Sociologia – PPGSA/IFCS/UFRJ, professora adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atuando na Graduação em Ciências Sociais e nos Programas de Pós- Graduação em Ciências Sociais e em Letras. É também membro da diretoria da Abecs (Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais). E.mail: miglievich@gmail.com.
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