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MARIA YEDDA LEITE LINHARES (1921-2011)Historiadora
Nasceu em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, no dia 03 de novembro de 1921. A crise econômica de 1930 leva sua família, em 1932, a mudar-se para Porto Alegre (RS) e, em seguida, fixar-se na Capital Federal. Nesta cidade, completou sua formação educacional e iniciou seus estudos em História. Viveu a experiência da Universidade do Distrito Federal (UDF), projeto de um grupo de educadores progressistas sob a liderança do professor Anísio Teixeira...Nasceu em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, no dia 03 de novembro de 1921. A crise econômica de 1930 leva sua família, em 1932, a mudar-se para Porto Alegre (RS) e, em seguida, fixar-se na Capital Federal. Nesta cidade, completou sua formação educacional e iniciou seus estudos em História. Viveu a experiência da Universidade do Distrito Federal (UDF), projeto de um grupo de educadores progressistas sob a liderança do professor Anísio Teixeira, fechada pelo Estado Novo e que tinha como objetivo formar professores de nível médio para o País e Maria Yedda encontrava um campo de trabalho no curso de Filosofia. Ganhou, em 1938, o primeiro lugar na categoria História Geral, na Maratona Intelectual de História, Matemática e Português, um concurso nacional promovido pelo Ministério da Educação (MEC). Dois anos depois já no segundo ano da faculdade utilizou o dinheiro recebido por este prêmio para viajar para os Estados Unidos. Lá chegando, obteve uma bolsa para o Institute of International Education, em Nova York. Nestes anos, ensinou português em duas universidades norte-americanas no Barnard College, da Universidade de Columbia em Nova York e na Middlebury College (Vermont).
De volta ao Brasil, em plena segunda guerra mundial, participou de todos os eventos em favor dos aliados e nestes anos terminou o bacharelato e a licenciatura Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), em Geografia e História na Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduada, foi convidada em 1946 para ser professora assistente do professor Delgado de Carvalho, decano da cadeira de História Moderna e Contemporânea nos quadros da Faculdade de Filosofia. Entre 1954 e 1957, fez as teses para Livre Docência e Cátedra, para a vaga do professor Delgado de Carvalho, que então se aposentava. Em entrevista, a professora Maria Yedda relata que estas teses foram feitas em apenas três anos, tendo sido um período muito duro para ela, porque tinha dois filhos pequenos e se não fosse a ajuda de colegas – principalmente Francisco Falcon - não teria tido forças para realizá-las.
Professora, pesquisadora brilhante e cheia de ideias para mudar o Brasil brilhava nas rodas intelectuais do Rio de Janeiro e terminou assumido um posto de direção na Rádio MEC. Com o golpe militar de 1964, viu a Rádio MEC ser invadida pelo furioso grupo extremista de direita Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e seus estúdios praticamente destruídos. Em seguida, viveu a perseguição promovida pelo professor de História Antiga e Medieval Eremildo Viana na Universidade, que promoveu aos professores da instituição uma perseguição sem trégua e a professora catedrática Maria Yedda foi um dos seus alvos. Respondeu, entre 1964 e 1966, a sete inquéritos políticos militares (IPMs), acabou sendo presa três vezes e aposentada compulsoriamente como professora titular pelas autoridades do AI-5, em abril de 1969. O general presidente Costa Silva libertou-a depois de receber telegramas de protestos de Jean Paul Sartre e Fernand Braudel e exilou-se na França. Recebeu convites de Fernand Braudel, Fredéric Mauro e Jacques Godechot para lecionar naquele país e durante cinco anos trabalhou nas Universidades de Vincennes e Toulouse-Le-Mirail.
Retornou ao Brasil no final de 1974 e, aposentada pelo AI-5, não podia trabalhar. Assim em 1976, participou de um Seminário sobre Desenvolvimento Agrícola organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Maria Yedda inicia uma nova linha de pesquisa em sua vida com uma comunicação sobre o uso da História Quantitativa na História da Agricultura Brasileira. Dois meses depois da apresentação deste trabalho recebe o convite para trabalhar, como professora e pesquisadora no Mestrado do Centro de Pós-Graduação em Desenvolvimento Agrícola (CPDA) da Fundação. Este centro foi incorporado no início da década de 1980 à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Nas suas palavras, “esta experiência foi a mais rica e proveitosa de sua vida”. Foi também professora da Universidade Federal Fluminense e, junto com Ciro Flamarion Cardoso e Francisco Falcon, implantaram a Pós-Graduação de História daquela universidade. Anistiada em 1979, foi reintegrada aos quadros da UFRJ. Continuava batalhando por mudanças na formação dos estudantes, docentes e nos Programas de História do Brasil. Defendia que estes programas deviam levar em consideração as realidades locais e seu entusiasmo levou-a a ser Secretária Municipal e Estadual de Educação do Rio de Janeiro nas duas gestões do governador Leonel Brizola (1983/1987 e 1991/1994), como também na primeira gestão do prefeito Marcelo Alencar (12/1983 a 01/1986). Nestas gestões, junto com Darcy Ribeiro, implantaram os CIEPS – brizolões que no fundo assemelhavam-se a proposta igualitária de educação lançada por Anísio Teixeira na década de 1930. Foi Professora Emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Maria Yedda não sossegava pois ainda teve fôlego, aos 80 anos, para implantar na Universidade Severino Sombra (Vassouras) uma pós-graduação de História e levava junto consigo uma plêiade de professoras e professores que sua sabedoria agregava na difusão da pesquisa e do ensino de História. Sua determinação e inteligência foram fundamentais para a formação das últimas gerações de historiadores brasileiros.
Casou-se com José Linhares e teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em novembro de 2011.
Algumas Obras: Linhares, M.Y., Silva, Francisco Carlos Teixeira da, História Agrária Brasileira: combates e controvérsias, São Paulo, Brasileinse, 1971; Linhares, Maria Yedda, História Agrária, em Cardoso, C.F., Vainfas, R. (orgs), Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia, Rio de Janeiro, Campus, 1997 ( 5º edição).
Fontes: Carta Maior, Colunista Francisco Carlos Teixeira, acesso em 21 de junho de 2013, www.cartamaior.com.br. Entrevista de Maria Yedda Linhares a Vicente Saul e Thatiana Murillo, transcrita pelo site www.ifcs.ufrj.br/humanas/0022.htm, acesso em 23 de junho de 2013. Jornal da UFRJ, nº 40, dezembro de 2008.
Autoria: Hildete Pereira de Melo é Doutora em Economia, Professora Associada da Universidade Federal Fluminense, editora da revista Gênero, pesquisadora da área de Relações de Gênero, História da Ciência, Feminismos, Economia Brasileira.
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