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Heloísa Alberto Torres (1895-1977)Antropóloga
Heloísa Alberto Torres nasceu em 17 de setembro de 1895, na cidade do Rio de Janeiro, filha de Alberto Torres e Maria José Xavier da Silveira, ao lado dos irmãos Marieta e Alberto. O pai, um dos maiores ensaístas brasileiros, foi ministro da Justiça, presidente do Estado do Rio de Janeiro e ministro do Supremo Tribunal. Heloísa foi aluna no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Petrópolis, após anos de estudo na Inglaterra...Heloísa Alberto Torres nasceu em 17 de setembro de 1895, na cidade do Rio de Janeiro, filha de Alberto Torres e Maria José Xavier da Silveira, ao lado dos irmãos Marieta e Alberto. O pai, um dos maiores ensaístas brasileiros, foi ministro da Justiça, presidente do Estado do Rio de Janeiro e ministro do Supremo Tribunal. Heloísa foi aluna no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Petrópolis, após anos de estudo na Inglaterra. Aos 22 anos, quando o pai faleceu, decidiu se dedicar à Antropologia e procurou, no Museu Nacional, o professor Roquette Pinto, cuja influência intelectual marcaria em definitivo aquela que se tornou sua mão direita no cotidiano institucional. Em 1925, Heloísa prestou concurso para professora substituta da Divisão de Antropologia e Etnografia sob a chefia de Roquette Pinto, obtendo a primeira colocação e se tornando a primeira mulher a ingressar como professora da Divisão de Antropologia e uma das primeiras mulheres funcionárias do conceituado Museu.
Em 1926, Heloísa iniciava suas expedições que culminaram na mais notória, em 1930, à Ilha de Marajó, que a tornou conhecida internacionalmente no estudo da cerâmica brasílica e, em especial, marajoara. Em 1931, estando Roquete Pinto afastado do Museu, Heloísa foi nomeada para o cargo de professor-chefe da Seção de Antropologia e Etnografia. De 1935 a 1937, exerceu a função de vice-diretora da instituição. Em fins de 1938, foi nomeada diretora do Museu Nacional, permanecendo até 1955. A ela se ligam os esforços de manutenção e renovação dos quadros técnicos voltados para a pesquisa nos domínios da Antropologia, Geologia, Paleontologia, Botânica e Zoologia, impulsionando ainda o intercâmbio com institutos de pesquisa estrangeiros que fez definitivamente do Museu Nacional órgão de atração de pesquisadores para o Brasil tais como Ralph Linton, Alfred Métraux, Paul Rivet, Claude Lévi-Strauss, Charles Wagley, Ruth Landes.
Heloísa pôde, assim, criar e executar um programa institucional, visando ao treinamento de jovens pesquisadores em áreas de pesquisa específicas, com especial valorização da etnologia, ao mesmo tempo em que se voltava para o enriquecimento das coleções do Museu Nacional em todas as divisões. A ela devem o início de suas carreiras nomes como Luiz de Castro Faria, Eduardo Galvão, Luiz Emygdio de Mello Filho, Nelson Teixeira, Rubens Meanda, Pedro Lima, Tarcísio Torres Messias e Marília Alvim.
Heloísa Alberto Torres também atuou na organização de instituições que, naquelas décadas, formulavam a cultura brasileira, ocupando, desde os inícios de 1930, posições estratégicas e enfrentando não poucos conflitos na qualidade de representante do Museu Nacional. Foi assim a única mulher no Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil, de 1934 a 1939.
Seu reconhecido prestígio no campo indigenista levou-a a compor também o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), criado em 1939, com Rondon na presidência, até sua morte, em 1955, quando Heloísa o substituiu. Ao longo dos anos, conviveu não apenas com Rondon, seu amigo pessoal, mas com Darcy Ribeiro, David Azambuja, Jorge Ferreira, Noel Nuteils, Raymundo de Vasconcellos Aboim, Roberta de Oliveira Cardoso, Orlando Villas Bôas, dentre outros. Como presidente do CNPI, participou intensamente da criação da Funai que, uma vez instituída, em 1967, extinguia o CNPI. Heloísa assumiu no recém-criado órgão, ainda por um ano, a Diretoria do Departamento de Estudos e Pesquisas que respondia pelo recenseamento indígena no país.
A presença feminina pioneira de Heloísa Alberto Torres também se deu em sua condição de membro nato do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) que, em 1937, sob a direção de Rodrigo Melo Franco de Andrade, integrou oficialmente o Ministério da Educação e da Saúde. Neste, Heloísa, durante mais de 30 (trinta) anos, teve seu nome associado ao processo de formulação e implementação de uma concepção de patrimônio histórico e artístico por meio da qual a moderna identidade nacional brasileira passou a ser representada nas décadas seguintes.
Heloísa Alberto Torres faleceu em 1977, aos 81 anos, deixando para o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), após a morte de sua irmã, em 1981, no município de Itaboraí (RJ), terra natal do pai, o Solar da Praça, bela moradia típica do século XVIII, propriedade da família, agora chamado Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, com seus móveis, objetos antigos e biblioteca, passagem hoje obrigatória para os pesquisadores do Brasil e do exterior interessados nos estudos desenvolvidos pela cientista.
Autoria:
Adelia Miglievich-Ribeiro é Doutora em Ciências Humanas – Sociologia – PPGSA/IFCS/UFRJ, professora adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atuando na Graduação em Ciências Sociais e nos Programas de Pós- Graduação em Ciências Sociais e em Letras. É também membro da diretoria da Abecs (Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais). E.mail: miglievich@gmail.com.
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