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Emília Snethlage (1868-1929)Ornitóloga
Henriette Mathilde Maria Elizabeth Emilie Snethlage, ou Emília Snethlage, como assinava nos textos publicados no Brasil, nasceu em 13 de abril de 1868, em Kraatz (atualmente pertencente a cidade de Gransee), na província de Brandenburgo, ao norte de Berlim. Filha de um pastor luterano, Emil Snethlage, e de sua esposa Elisabeth, perdeu a mãe aos quatro anos e foi educada em casa pelo pai...Henriette Mathilde Maria Elizabeth Emilie Snethlage, ou Emília Snethlage, como assinava nos textos publicados no Brasil, nasceu em 13 de abril de 1868, em Kraatz (atualmente pertencente a cidade de Gransee), na província de Brandenburgo, ao norte de Berlim. Filha de um pastor luterano, Emil Snethlage, e de sua esposa Elisabeth, perdeu a mãe aos quatro anos e foi educada em casa pelo pai. Aos 21 anos prestou o exame do governo prussiano que lhe permitia lecionar em escolas para moças. Em seguida, passou dez anos trabalhando como preceptora, na Inglaterra, na Irlanda e na Alemanha. Em 1900, ingressou na Universidade de Berlim para estudar Filosofia Natural. Tendo passado ainda pela universidade de Jena, Emília obteve seu doutorado - summa cum laude - em Freiburg im Breisgau, em 1904, uma das primeiras mulheres a se graduar na Alemanha. Snethlage foi aluna de dois expoentes do pensamento darwinista, que era forte nas ciências naturais na Alemanha nessa época: Ernest Haeckel (1834-1919) e Friedrich Weismann (1834-1914), este tendo sido seu orientador de doutorado.
Após trabalhar um ano como assistente de zoologia no Museu de História Natural de Berlim, com o ornitólogo Anton Reichenow (1847-1941), Snethlage aceitou o convite do zoólogo suíço Emílio Goeldi (1859-1917) e veio para o Brasil em 1905. Goeldi havia reestruturado o Museu Paraense de História Natural e Etnografia, em Belém do Pará, instituição que hoje leva seu nome. Ao chegar a Belém, Emília deu início a uma fase extremamente profícua da sua carreira. Uma das suas realizações mais importantes foi a organização do Catálogo das aves amazônicas, publicado em 1914. Nessa obra, trabalhando com as coleções de aves da região amazônica do Museu Goeldi e com informações taxonômicas, biogeográficas e biológicas, Snethlage ordenou sistematicamente todas as informações sobre o assunto às quais teve acesso até 1913, apresentando 1.117 espécies de aves amazônicas. Essa obra foi fundamental para a ornitologia brasileira durante os setenta anos seguintes. A característica mais marcante da atuação de Snethlage como ornitóloga foi a grande ênfase no trabalho de campo, ao qual se dedicou durante toda a vida. A travessia que realizou a pé, acompanhada apenas por guias índios, entre os rios Xingu e Tapajós, em 1909, percorrendo um território até então desconhecido pela ciência, teve repercussão no meio científico internacional e levou àpublicação de artigos de cunho etnográfico. Entre 1914 e 1921, Snethlage foi diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, uma das primeiras mulheres a ocupar um cargo de direção em uma instituição científica na América Latina. Foi um período difícil, pois a diretora enfrentou a grave crise comercial e monetária do final do período de exploração da borracha na Amazônia e as dificuldades decorrentes da situação política originada pela Primeira Guerra Mundial, na qual se opuseram Brasil e Alemanha. Em 1922, Emília passou a trabalhar como naturalista viajante no Museu Nacional do Rio de Janeiro, tendo como colegas Bertha Lutz e Heloísa Alberto Torres. A serviço da instituição, a ornitóloga fez longas viagens de pesquisa pelo Maranhão, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Goiás (rio Araguaia, ilha do Bananal), do Paraná ao Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. O trabalho de Snethlage resultou em mais de quarenta artigos publicados no Brasil e no exterior, nos quais, além de apresentar importantes estudos biogeográficos sobre a avifauna brasileira, descreveu cerca de sessenta espécies e subespécies de aves. Os espécimes ornitológicos que coletou estão em diversas instituições brasileiras e estrangeiras. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da International Society of Woman Geographers. Seu pioneirismo e a importância do seu trabalho foram reconhecidos no Brasil e no exterior por profissionais da área, como o zoólogo Alípio de Miranda Ribeiro, Edgard Roquette-Pinto – diretor do Museu Nacional entre 1926 e 1935 –, os ornitólogos alemães Ernst Hartert e Erwin Stresemann, além do ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt. O ornitólogo Helmut Sick dedicou a Emília Snethlage o importante livro Ornitologia brasileira, de 1985.
Fontes:Osvaldo Rodrigues da Cunha, Maria Elizabeth Emilia Snethlage, Talento e atitude: estudos biográficos do Museu Emílio Goeldi, 1., Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, 1989, p.83-102; Marisa Correa, Antropólogas & antropologia, Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003; Miriam Junghans, Emilia Snethlage (1868-1929): uma naturalista alemã na Amazônia, História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v.15, p.243-255, 2008. Elaborado por: Miriam Junghans.
Autoria:
Miriam Junghans é doutoranda do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Atua como pesquisadora na área de História, com ênfase em História das Ciências, e como tradutora de alemão.
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