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ODETE FÁTIMA MACHADO DA SILVEIRA (1953 - 2013)Geóloga
Odete Fátima Machado da Silveira nasceu em 28 de jullho de 1953, em Caxias do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul sendo descendente de família italiana. Odete Silveira estudou e ingressou na Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos). Sempre politizada lutou por melhoria no curso.Odete Fátima Machado da Silveira nasceu em 28 de jullho de 1953, em Caxias do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul sendo descendente de família italiana. Odete Silveira estudou e ingressou na Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos). Sempre politizada lutou por melhoria no curso. Foi transferida, em 1982, para o curso de Geologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde continuou sua batalha por melhorias das condições dadas aos estudantes do curso. Seu destino estava irremediavelmente traçado nas plagas amazônicas. A gaúcha adotou a Amazônia e vice-versa.
Na UFPA, conheceu seu colega José Francisco Berredo Reis e Silva, com quem prometeu casar-se desde o primeiro instante, fato consumado em 1985. No mesmo ano, Odete Silveira finalizou seu Bacharelado em Geologia e partiu para fazer especialização em Geologia e Geofísica Marinha, em Niterói, na Universidade Federal Fluminense, no Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha-LAGEMAR. No ano seguinte, iniciou mestrado em Geologia na UFPA, finalizado em 1989. Nesse período, junto com os professores Jurgen Bischoff, Paulo Sucasas e Luis Ercílio Faria Jr, idealizam e implantam a linha de pesquisa em Geologia e Geofísica Marinha na UFPA, com a implementação do Programa de Pesquisa e Ensino em Ciências do Mar-PROMAR. Programa responsável pela formação de muitos mestres e doutores que deram origem aos estudos na zona costeira amazônica.
Em 1992, Odete Silveira parte para seu doutorado, vinculado a UFPA, em colaboração com o Marine Science Research Center at Stony Brook, MSRC, onde permaneceu de 1994 a 1996.Coube a ela a primazia de desenvolver a primeira tese de doutorado na zona costeira do Amapá.
Em 1998, ao finalizar sua tese e ao esvair-se a esperança de consolidar a linha de pesquisa de geologia e geofísica marinha na UFPA, Odete parte para a Universidade Federal do Amapá-UNIFAP, onde como professora visitante foi convidada a implantar junto com colegas doutores e mestres os estudos costeiros naquela Universidade. Fatores alheios a sua vontade não permitiram o alcance dessa meta. Assim, Odete Silveira é convidada em 1998 a atuar no Programa de Gerenciamento Costeiro do Estado do Amapá-GERCO, onde permaneceu como coordenadora até 2002, revitalizando o programa. Odete Silveira impulsionou as pesquisas geológicas e geofísicas na zona costeira amapaense, no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá-IEPA, desde sua atuação no GERCO até a consolidação dos estudos costeiros e marinhos no Amapá com a implantação do Centro de Pesquisas Aquáticas-CPAq em 2002.
Na qualidade de coordenadora do CPAq e já como pesquisadora concursada no IEPA desde 2000, a pesquisadora auxiliou na implementação de novas linhas de pesquisas no IEPA. Seus esforços resultaram na implantação do atual Núcleo de Pesquisas Arqueológicas-NuPArq e a implementação da Rede Clima e Tempo, que resultou na implantação do Núcleo de Hidrometeorologia e Energia Renováveis-NHMET.
Em 2005, auxiliou na implantação dos primeiros cursos de pós-graduação na UNIFAP, atuando como professora permanente do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentavel-MDR e professora colaboradora do Curso de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical-PPGBio.
O quadro de tensão política no Estado do Amapá e a necessidade de ficar próximo a família, levaram Odete a prestar concurso para a UFPA, onde tornou-se professora adjunta na Faculdade de Oceanografia. Nesta nova condição, Odete Silveira promoveu amplas melhorias e reformas no curso, atuando como Diretora da Faculdade de Oceanografia. Implantou a linha de oceanografia geológica, e iniciou a implantação da linha de geofísica marinha, com a implementação do Laboratório de Oceanografia Geológica e Geofísica-LIOG. Em 2012, iniciou suas atividades como professora do Curso de Pós-Graduação em Geofísica e sua colaboração mais recente foi o auxílio a implantação do laboratório de radiocarbono - RADIOLAB que em homenagem póstuma levará o seu nome: Profa. Odete Silveira.
Odete orientou mais de 50 alunos de graduação entre iniciação científica, estágios e trabalhos de conclusão de cursos. Orientou também quatro dissertações de mestrado e no momento de sua partida estava orientando 2 TCC´s e 6 mestrandos. A maioria dos trabalhos foram desenvolvidos no Estado do Amapá.
Por possuir sempre uma habilidade especial para lidar com alunos e abnegar-se pela causas científicas, Odete Silveira foi capaz de realizar expedições nos mais longínquos cantos da costa do Amapá. Sua habilidade de interligar ciencia e sociedade se materializou na execução de inumeros projetos na costa amazônica, envolvendo a pesquisa e a gestão costeira. Entre os projetos idealizados e coordenados pela pesquisadora, destaca-se o Projeto Jovens Pesquisadores, que abrangeu mais de 100 alunos de escolas primárias localizadas na foz do rio Amazonas, envolvendo inúmeros pesquisadores que atuaram no ensino e capacitação dos estudantes, sensibilizando-os para atuar nos diferentes campos das ciências, no extremo norte do país.
A pesquisadora agregou estudantes, professores, pesquisadores de várias instituições do Norte, Nordeste, Sudeste e do exterior, no desenvolvimento de projetos de pesquisas científicas e na formação de recursos humanos.
O declínio de sua saúde iniciou em 2007, quando teve que trocar três válvulas do coração, saúde esta que continuou a declinar até o seu falecimento em 01 de julho de 2013. Sua vida profissional, sem dúvida, foi doada às ciências, com profundo apreço pela costa amapaense, mantendo seu vínculo como pesquisadora no IEPA em vários projetos de pesquisa desenvolvidos até o momento de sua partida.
Soube como ninguém lidar com todos os revezes que enfrentou para implementar as pesquisas na área costeira e marinha na região amazônica, tendo profunda influência na vida dos primeiros pesquisadores que atuaram e atuam no campo da geologia e geomorfologia costeira e da geofísica marinha na região amazônica. Seu apreço pela área costeira e em especial pela foz do Amazonas, lhe renderam os títulos honoríficos de “Amiga da Marinha” e “Cidadã de Macapá”.
Como desbravadora que foi cabe a ela estar entre as primeiras mulheres a embarcar em um navio da marinha para cruzeiro oceanográfico, estar entre as primeiras especialistas em Geologia e Geofísica Marinha do Brasil, uma das primeiras mulheres a embarcar em um cruzeiro científico para o Alaska. Foi ainda pioneira nos estudos geológicos e geofísicos na costa do Amapá e um das primeiras mulheres pesquisadoras da região norte, a participar de comitês científicos no MCT e MMA. Auxiliou e promoveu a implantação de vários laboratórios de pesquisa na região Norte.
Afetuosa, idealista, honesta, justa e verdadeira, em nome de seu senso de obrigação e de servir, muitas vezes Odete fez sacrifícios extremos e, para alguns, até desnecessários. Mas assim era Odete, felizmente.
Sua forte espiritualidade, desejo e força de vontade lapidaram sua conduta de vida e seu potencial para chegar onde almejou. A pesquisadora deixou como legado nas ciências as sementes lançadas, onde os solos eram férteis essas sementes já frutificaram. Outras já lançadas estão a ponto de frutificar. As sementes que não vingaram não estavam preparadas para a missão. Em pouco tempo de vida, fez muito do pouco que achava que fazia.
como ato final de sua passagem entre nós, foi cumprido o seu último desejo...suas cinzas foram lançadas na foz do rio Amazonas, maior rio do mundo extensão e volume d´água – com um sistema de dispersão que se projeta para centenas de kilômetros em direção ao mar aberto – tudo a ver a com a visão e anseios de vida de Odete Silveira.
Autoria do verbete:
Valdenira Ferreira dos Santos, geóloga, é Doutora em Geologia e Geofísica Marinha pela UFF/IGEO/LAGEMAR, é pesquisadora do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA. Colabora como professora permanente do Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) e como orientadora nos cursos de Graduação em Ciências Ambientais e em Geografia da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP. Orienta ainda estudantes do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade Estadual do Amapá-UEAP. E-mail: valdenira.santos@pg.cnpq.br.
Amilcar Carvalho Mendes, geólogo, é Mestre em Geologia e Geoquímica pela UFPA, é pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi-MPEG. Professor do Centro Universitário do Estado do Pará -CESUPA. Colabora na orientação de estudantes no Curso de Oceanografia da Universidade Federal do Pará.
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