-
Ester de Camargo Fonseca Moraes (1920 -2002)Farmacêutica
Nascida na cidade de Paraibuna, no Estado de São Paulo, em 8 de dezembro de 1920, Ester de Camargo Fonseca Moraes, pioneira na implantação da Toxicologia no Brasil, torna-se referência no ensino da Toxicologia no país, atuando por 44 anos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP).Nascida na cidade de Paraibuna, no Estado de São Paulo, em 8 de dezembro de 1920, Ester de Camargo Fonseca Moraes, pioneira na implantação da Toxicologia no Brasil, torna-se referência no ensino da Toxicologia no país, atuando por 44 anos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP).
Iniciou sua carreira docente logo após a conclusão do Curso de Farmácia, na então denominada Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo, com apenas 22 anos de idade (junho de 1943), ao ser indicada como Assistente Extranumerária (voluntária) junto à Cadeira de Química Toxicológica e Bromatológica, atendendo ao convite do catedrático da época, professor doutor Linneu Prestes, quando ainda aluna do 3º ano. Foi admitida no ano seguinte, participando como assistente do ensino prático (curso diurno) até 1957 quando, então, passou a ser encarregada do curso teórico e prático (diurno) da parte de Química Toxicológica. Em maio de 1951, inscreveu-se para concurso de Livre Docência da 9ª Cadeira do Curso de Farmácia da Faculdade de Farmácia e Odontologia: Química Toxicológica e Bromatológica, conquistando ao mesmo tempo o título de Doutor e Docente Livre, segundo o Regulamento da Universidade de São Paulo em vigor na época. Com o desdobramento dessa Cadeira em Cadeira de Bromatologia e Disciplina Autônoma de Toxicologia, assumiu a responsabilidade desta disciplina (curso diurno e noturno) após ter se submetido ao concurso de Títulos realizado em abril de 1966. Cabe enfatizar que foi a única candidata inscrita e considerada altamente qualificada para o cargo pretendido por todos os membros da Comissão Julgadora.
Concomitantemente ao seu ingresso no magistério superior, iniciou sua atividade profissional como química auxiliar na humilde instalação do Serviço Químico do Jockey Club de São Paulo em 1944, também acedendo à indicação do professor Linneu Prestes, então chefe do referido Serviço. Sua ascensão na carreira foi notável, culminando como químico-farmacêutico chefe nas magníficas instalações do Serviço de Controle e Pesquisas Antidopagem em 1958, onde permaneceu até 1968. Durante esse período, implantou um laboratório de controle da dopagem, que se tornou o primeiro centro de pesquisa toxicológica em nosso país. O laboratório era bem aparelhado, contava com excelente pessoal técnico, ótima biblioteca e mantinha intercâmbio científico permanente com entidades congêneres e institutos universitários, no sentido de estar o mais atualizado possível dentro das exigências da análise toxicológica. Foi procurado como local de estágio para mais de duas dezenas de profissionais vindos de diversos estados do Brasil e até mesmo de alguns países sulamericanos, como Argentina, Colômbia e Guatemala, em busca de treino e especialização, além de muitos trabalhos de pesquisa também terem sido ali realizados. Em 1959, Ester de Camargo Moraes conquistou, mediante prova de títulos e prática, a admissão no quadro de químicos do turfe da AORC (Association of Official Racing Chemists), entidade de caráter científico, de âmbito internacional, cuja finalidade é coordenar os trabalhos de pesquisa referentes ao controle da dopagem uma vez que, sendo de caráter confidencial, não podem ser publicados pelos meios convencionais. De 1958 a 1965, foram analisadas pelo Serviço mais de 16.000 amostras, computadas as análises de rotina e as de doping experimental.
O ano de 1966 foi marcante em sua trajetória, pois foi o ano que assumiu a responsabilidade da Disciplina Autônoma de Toxicologia ao mesmo tempo em que ocorreu a transferência da Faculdade de Farmácia para o campus da Cidade Universitária. A instalação real e efetiva da disciplina recém-criada, desprovida de qualquer infraestrutura, era crucial e estratégica para o Brasil. Para sustentar compromisso de tamanha envergadura, sentiu a necessidade de optar pelo regime de dedicação integral ao ensino e à pesquisa (RDIDP) na USP em 1968, renunciando ao seu cargo já consolidado de chefe em uma prestigiada divisão, para transferir para a Faculdade de Farmácia, êxito semelhante ao alcançado em seus 24 anos de trabalho no Jockey Club, isto é, a formação de uma verdadeira escola de toxicologia. Todo seu empenho foi recompensado: em fins de 1969, a disciplina de Toxicologia já se equiparava didaticamente a qualquer uma das antigas disciplinas da Faculdade. Portanto, Ester de Camargo Moraes foi pioneira na implantação da disciplina de Toxicologia como entidade autônoma e separada de outras correlatas, no curso de Farmácia da Universidade de São Paulo. Posteriormente, foi instituído também nas demais Faculdades de Farmácia, públicas ou privadas, que atualmente ministram esta disciplina.
Em 1970, prestou concurso para Professor Adjunto de Toxicologia, disciplina que, por força da reforma universitária, passou a integrar o recém-criado Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Em 1972 obteve o título de Professor Titular de Toxicologia, ficando responsável pelas disciplinas Toxicologia I e Toxicologia II (período integral e noturno), desdobradas da disciplina de Toxicologia.
Também, em decorrência da reforma universitária, foi integrado ao Departamento, o antigo Laboratório Clínico da Faculdade de Farmácia e Bioquímica. Nesta ocasião, Ester de Camargo Moraes propôs a criação do Laboratório Toxicológico, paralelo ao Laboratório Clínico, constituindo o Laboratório Clínico e Toxicológico do Departamento. Assim, em 1971, foi implantado o Laboratório de Análises Toxicológicas (LAT), criado com o objetivo amplo de não ser apenas um prestador de serviços, mas principalmente um centro de formação e treinamento. Sua liderança igualmente se fez presente no desenvolvimento e implantação de técnicas analíticas associadas ao diagnóstico toxicológico, em um trabalho de associação entre ensino, pesquisa e extensão nas diversas áreas da Toxicologia. Sob sua chefia, o LAT foi pioneiro no Brasil na realização de análises de urina para o controle da dopagem em atletas, tendo início em 1974, mediante compromisso firmado em perante a Federação Paulista de Futebol. Também em alguns eventos de caráter internacional, tais como "Campeonato Mundial de Voleibol Juvenil" (1977), "Campeonato Panamericano Junior de Ciclismo" (1980), "Campeonato Sulamericano de Voleibol Feminino" (1981), "Campeonato Mundial Juvenil de Esgrima" (1987), "Volta Ciclística Internacional do Brasil" (1987 e 1988), "Corrida Internacional São Silvestre" (1990 e 1991), coube ao LAT a responsabilidade do controle da dopagem.
Ester de Camargo Moraes consolidou sua liderança na Toxicologia ao criar o primeiro curso de pós-graduação stricto sensu na área no país - Análises Toxicológicas (Mestrado), em 1972 e Toxicologia (Doutorado), em 1978. Formou grande número de mestres e doutores que foram responsáveis pela implementação da Toxicologia em todo o país, militando em instituições de Ensino Superior, órgãos governamentais, institutos de pesquisa, entre outros, e que procuram seguir seu exemplo de honestidade científica e preocupação com o ensino de qualidade.
Seu reconhecimento também foi internacional, ao ser convidada para participar, em 1984, em Paris, da cerimônia solene do Cent Cinquantième Anniversaire de la Création de la Chaire de Toxicologie de la Faculté de Pharmacie de Paris et du Jubilé Scientifique du Professeur René Truhaut.
Em 1987, aposentou-se do cargo de professor de Toxicologia após 44 anos de atividade plena e ininterrupta, continuando a exercer voluntariamente por mais 5 anos a função de orientadora de mestrandos e doutorandos na Faculdade.
Em 2002, recebeu do Conselho Federal de Farmácia, a "Comenda de Mérito Farmacêutico", outorgada a membros representativos da entidade, pelos relevantes serviços prestados à profissão farmacêutica e à Farmácia Brasileira. Neste mesmo ano, também foi homenageada pelo papel importante e decisivo para a implantação e consolidação da Pós-Graduação da FCF/USP, no Encontro Nacional da Pós-Graduação em Farmácia ¿ 30 anos de experiência em Análises Clínicas e Toxicológicas.
Em 2011, a Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox) instituiu a medalha Professora Ester de Camargo Fonseca Moraes com o objetivo de homenagear profissionais que tenham prestado serviços ou contribuído consideravelmente para o desenvolvimento da Toxicologia no Brasil. O nome da Professora Ester de Camargo foi escolhido como reconhecimento à sua relevante participação na consolidação da Toxicologia como ciência autônoma no país.
Em 2014, os membros do 10° Encontro Latinoamericano do TIAFT (The International Association of Forensic Toxicologists) também selecionaram o nome da Professora Ester para intitular o certificado de premiação de um dos melhores trabalhos orais apresentado durante o referido evento.
Ester de Camargo Fonseca Moraes foi uma incansável batalhadora da implantação e consolidação da Toxicologia como ciência e matéria de ensino no Brasil e seu nome sempre será reconhecido por todos que seguiram os caminhos da Toxicologia.
Autoria do verbete:
Regina Lucia de Moraes Moreau e Silvia Berlanga de Moraes Barros são Doutoras em Toxicologia e Análises Toxicológicas e professoras do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas