Bolsista de doutorado encontra maior árvore tropical do mundo
- Seg, 09 Nov 2015 14:49:00 -0200
Bolsista de doutorado encontra maior árvore tropical do mundo
Matheus Nunes faz doutorado no Departamento de Plant Sciences da Universidade de Cambridge, Reino Unido, com bolsa do CNPq. O grupo de pesquisa ao qual o estudante está integrado realiza pesquisas para conhecer como as mudanças climáticas globais afetam e como afetarão as florestas do planeta.Grande proximidade entre as duas árvores pode contribuir para responder à questão de como fatores ambientais e ou genéticos influenciam no crescimento em altura das árvores
Matheus Nunes faz doutorado no Departamento de Plant Sciences da Universidade de Cambridge, Reino Unido, com bolsa do CNPq. O grupo de pesquisa ao qual o estudante está integrado realiza pesquisas para conhecer como as mudanças climáticas globais afetam e como afetarão as florestas do planeta.
As pesquisas realizadas por Matheus para seu projeto de doutorado estão sendo levantadas em diversas florestas na ilha de Borneo, na Malásia. O orientador do bolsista, David Coomes, da Universidade de Cambridge, já havia percebido a possibilidade da existência de árvores muito altas em lugares com nenhum histórico de intervenção humana, utilizando um sensoriamento remoto aerotransportado denominado Lidar.
A partir desta informação, o bolsista e Alex Shuttleworth, um estudante de geografia também da Universidade de Cambridge, partiram para buscar as árvores em um dos locais do seu estudo, a área de conservação Maliau Basin, levando um hipsômetro, instrumento para determinar a altura das árvores.
“Não só encontramos como também validamos duas árvores vizinhas, do gênero Shorea, cujo nome popular é Dipterocarpo. Elas batem em 2 metros e 30cm o recorde mundial encontrado em 2007 de árvores tropicais mais altas do mundo, identificado por americanos em Tawau Hills Park, no estado de Sabah, na Malásia. A mais alta mede 90.6 m e a segunda 89.5 m”, comemora Matheus.
Para Matheus Nunes, um fato interessante é a grande proximidade entre as duas árvores, o que pode contribuir para responder à questão de como fatores ambientais e ou genéticos influenciam no crescimento em altura das árvores. “Descobrir o ser vivo mais alto do mundo tropical significa construir um interesse público, entusiasmo e apreciação pelas árvores. Maliau Basin é considerada uma área de extrema importância para a conservação da biodiversidade do planeta e levantá-la ao status de floresta tropical mais alta do mundo a partir da descoberta destas duas árvores implicará em mais recursos e maior valorização de toda a região”, reflete o bolsista do CNPq.
Doutorado
Os estudos realizados por Matheus, iniciados neste ano na Universidade de Cambridge, estão envolvendo o uso da tecnologia Lidar (o sensoriamento remoto aerotransportado) para escanear florestas da ilha de Borneo e conhecer como ocorre a variação do estoque de carbono sob diversas fontes de mudanças, como distúrbio, variações no solo, topográficas e variações climáticas.
Matheus Nunes espera entender quais fatores de mudanças globais afetam as emissões de carbono das florestas para a atmosfera e quais fatores são importantes para que o sequestro de carbono seja mais eficiente em florestas tropicais.
“Estamos usando vôos com este sensor Lidar em conjunto com espectrômetros para determinar a composição química a partir da reflectância das copas das árvores nas mesmas florestas tropicais. Conhecer a composição química detalhada em grandes escalas nos permitirá relacionar a diversidade das espécies com características ambientais, buscando entender como mudanças globais afetam a biodiversidade, e como estas mesmas espécies reagem para evoluir dentro de um contexto de muitas mudanças” informa o jovem bolsista que espera ainda que uso do sensoriamento possa identificar as espécies em florestas de alta diversidade a partir da composição química das árvores mais altas da floresta, resultado que aumentaria a eficiência na identificação de espécies e determinação da diversidade.
Detalhes sobre as coordenadas do local das árvores mais altas do mundo serão informados em uma publicação especializada em artigo conjunto com o orientador de Matheus no início do próximo ano.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
Fotos: Arquivo Pessoal
Outras Notícias
- Qua, 09 Abr 2014 15:31:00 -0300
Novas opções terapêuticas tentam controlar câncer de mama
O câncer de mama é o tumor maligno mais frequente no sexo feminino, sendo responsável por quase 20% dos novos casos anuais de câncer e a primeira causa de morte por câncer entre mulheres ao redor do mundo. Em 2010, cerca de 50 mil novos casos de câncer de mama foram estimados no Brasil pelo Instituto Nacional de Câncer, e as taxas de incidência bruta para essa doença têm aumentado de forma constante ao longo dos últimos anos. Com isso, o câncer de mama está atrás apenas do câncer de próstata em termos de incidência em nosso país.
Foi com base nesses números que um grupo de pesquisadores, liderado pelo Professor Doutor Paulo Marcelo Gehm Hoff, Diretor Clínico da Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, teve a iniciativa de pesquisar novos métodos de prevenção e controle de metástase em casos de câncer de mama. Com o apoio do CNPq e do Ministério da Saúde, o grupo foi beneficiado por meio de Edital para elaborar e executar protocolo de ensaio clínico de fase II (fase de testes) utilizando anticorpos monoclonais.
De acordo com o pesquisador Dr. José Fernando Perez, presidente da empresa parceira no projeto, Recepta Biopharma, anticorpos monoclonais vêm se afirmando como uma opção terapêutica cada vez mais importante no tratamento de diversos tipos de câncer, especialmente no controle e prevenção de metástases. Trata-se de proteínas com a capacidade de reconhecer e de se ligar a alvos específicos na superfície das células tumorais, atuando diretamente sobre elas ou estimulando ações do sistema imunológico sobre essas células, para inviabilizar sua sobrevivência e reprodução. Devido a essa característica de ser uma terapia direcionada, os efeitos colaterais de seu uso são tipicamente menos severos do que os associados às quimioterapias.
Quando diagnosticado em estágios iniciais e tratado adequadamente, o câncer de mama pode ser curado em grande porcentagem dos casos. Porém, a letalidade por esse tumor permanece elevada no Brasil, provavelmente porque a doença ainda está sendo diagnosticada em estado avançado. Estima-se, por exemplo, que aproximadamente 16% das mulheres brasileiras com câncer de mama já apresentam metástases à distância no momento do diagnóstico, sendo essa mesma taxa de aproximadamente 5% nos Estados Unidos. Além disso, ao menos
metade dos casos diagnosticados em fases iniciais e tratados de maneira adjuvante desenvolvem recidivas sistêmicas da doença durante o seguimento. Para a grande maioria dessas pacientes, portadoras de doença avançada, não há perspectiva de cura com as modalidades terapêuticas atualmente disponíveis.
Dr. Oren Smaletz, diretor médico da Recepta Biopharma, esclarece que a quimioterapia convencional no tratamento de câncer ataca todas as células que se multiplicam rapidamente - inclusive as saudáveis, como as do trato gastrointestinal e as do couro cabeludo. Por isso este tratamento provoca tantos efeitos colaterais. Os anticorpos monoclonais, por sua vez, são uma terapia direcionada, com consequências adversas mais suaves. “O anticorpo é uma proteína, desenvolvida por um complexo processo biotecnológico” - explica Smaletz – “Pegamos o gene que determina a produção da proteína e o introduzimos numa célula animal. Essa célula passa a produzir a proteína. Esta só vai se ligar a alvos específicos, ou seja, a células de alguns tumores”.
“No caso da doença metastática, a chance de eliminação completa dos focos de doença é muito pequena, mesmo com quimioterapia convencional. Nestes casos, um bom controle da doença com uma boa qualidade de vida com pouco efeitos colaterais é uma boa opção para as pacientes. Também sabemos que os tratamentos tendem a ser cada vez mais personalizados. A doença se manifesta de uma forma específica em cada paciente, e o médico deve adaptar a terapia a essas particularidades”.
As pesquisas, que terão a duração de 36 meses, envolvem 60 mulheres com câncer de mama avançado (localmente avançado ou metastático) comprovado histologicamente. Elas estão sendo tratadas com infusões intravenosas do anticorpo Hu3S193.
O grupo está situado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e no Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (ISLEP), ambos com ampla estrutura para pesquisa e corpo técnico, entre médicos, farmacêuticos, enfermeiros e equipe de coordenação administrativa altamente qualificada para o desenvolvimento dos ensaios.
O projeto "Estudo de Fase II Multicêntrico de Tratamento com Hu3S193 em mulheres com câncer de mama avançado com progressão após tratamento hormonal", é oriundo de processo contemplado no Edital 52/2009 CNPq/DECIT/MS. O objetivo da proposta é a prevenção e controle da metástase em casos de câncer de mama, e entre os parceiros se destacam a Recepta Biopharma, empresa especializada em Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Testes Clínicos de Anticorpos Monoclonais (mAbs) e o Instituto Ludwing de Nova Iorque, EUA. Ainda na especificidade do Edital, destaca-se a supervisão da CRO - Clinical Research Organization -, responsável pela coordenação da pesquisa, contratada em Chamada específica.Equipe Popularização da Ciência
- Qua, 02 Abr 2014 15:14:00 -0300
Pesquisa demonstra que queimadas na Amazônia causam mutações no DNA de células vegetais e do pulmão humano
Um estudo pioneiro demonstrou que o material inalável das queimadas na Região Amazônica causa mutações em células de vegetais e do pulmão humano. A pesquisa foi conduzida por Nilmara Alves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), por meio de bolsa de doutorado e apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT para MC).
A Amazônia abriga um dos ecossistemas mais ricos e complexos do planeta. Para a pesquisadora, estudar os efeitos da poluição atmosférica na Amazônia implica em lidar com esta complexidade na área ambiental, social e cultural.
Os resultados mostram a presença de compostos conhecidos pelo potencial mutagênico e carcinogênico, por exemplo o benzo(a)pireno. Estes compostos foram encontrados principalmente no período de seca, no qual ocorrem intensas queimadas na floresta, como a queima de áreas de pastagem.
Este é o primeiro estudo na Amazônia que utiliza as células dos alvéolos do pulmão humano (in vitro) para mostrar os efeitos tóxicos das partículas inaláveis através de marcadores de mutação no DNA. “Este resultado também poderá orientar os tomadores de decisão sobre a avaliação do ambiente e nortear estratégias de política de saúde relacionadas com a exposição à queima de biomassa na região amazônica, levando em conta os riscos destes compostos tóxicos para a população”, afirma a pesquisadora.
Nilmara Alves também utilizou, nos testes de avaliação genotóxica, concentrações do material particulado inalável abaixo do limite de exposição estabelecido pelas legislações nacional e internacional e ainda assim foram observados danos genéticos, representando um risco para a saúde humana. Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde classificou no ano passado a poluição do ar como cancerígena.
Este trabalho contou com a orientação da professora Silvia Batistuzzo, da UFRN, e a colaboração dos pesquisadores Sandra Hacon, da Fundação Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro, Pérola Vasconcelos, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), e Paulo Artaxo (USP), que já mostram em suas pesquisas os impactos das queimadas na Amazônia tanto para a saúde humana quanto para o clima regional.
Diante dos resultados deste trabalho. o grupo multiinstitucional continua avaliando os danos genéticos causados pelas queimadas na Amazônia, contando também com a colaboração do pesquisador Carlos Menck, da USP. “Os próximos passos são investigar os mecanismos de ação destas partículas inaláveis e como esta via de exposição representa um risco de incremento de câncer de pulmão na população da Amazônia brasileira”, afirma a autora do estudo.
Saiba mais no artigo GENETIC DAMAGE OF ORGANIC MATTER IN THE BRAZILIAN AMAZON: A COMPARATIVE STUDY BETWEEN INTENSE AND MODERATE BIOMASS BURNING, publicado na revista internacional Environmental Research: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0013935114000048
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
- Qui, 27 Mar 2014 09:25:00 -0300
Meninas que fazem Matemática
Na Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas (OBMEP) 2013, o percentual de meninas medalhistas de ouro foi de 13%, de Prata 19% e de bronze 23%. No total aproximado de 6 mil medalhistas, cerca de 1.300 eram meninas. No Programa de Iniciação Científica da OBMEP, o percentual da participação feminina foi de 31% na atual edição. Diante deste cenário, percebe-se que as meninas ainda são minoria entre os premiados, em especial, na categoria ouro.
Percentual última premiaçãoPREMIACAO
TOTAL
MASC.
(%M)
FEMIN.
(%F)
Ouro
499
433
87%
66
13%
Prata
900
727
81%
173
19%
Bronze
4600
3533
77%
1067
23%
A Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas ocorre desde 2005 e tem como objetivo fortalecer o ensino de matemática bem como despertar e revelar talentos para esta área de estudo. Os medalhistas podem participar por doze meses do Programa de Iniciação Científica da OBMEP (PIC-OBMEP), que é resultado de uma parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Em 2014, serão oferecidas seis mil bolsas de Iniciação Científica Júnior. Desde o início até hoje, o CNPq já concedeu cerca de 30 mil bolsas de Iniciação Científica Júnior (IC-Jr) no âmbito deste programa.O PIC-OBMEP é um programa dirigido aos premiados da OBMEP, com duração de 12 meses, que visa contribuir com o aprendizado em matemática e na independência do raciocino analítico. Também pretende despertar novos talentos para a pesquisa nas áreas de exatas e tecnológicas. O programa é desenvolvido em polos distribuídos pelo país. Em 2013, o PIC-OBMEP contou com 4.500 bolsistas distribuídos em 167 polos pelo Brasil. Lá, os estudantes contam com a orientação de professores especializados, que desenvolvem tarefas como discussão e realização de atividade em um fórum virtual e atividades presenciais. O material didático é diferenciado por nível em que o bolsista se enquadra.
O Popciência entrevistou duas dessas jovens para saber o que elas pensam sobre essa iniciativa :
Anna Carolina Gomes Toledo*
Como você percebeu que gostava de matemática?
Desde pequena eu fui "criada" em meio aos livros da biblioteca da minha casa e sempre gostei de revistas com curiosidades e desafios de raciocínio. Quando comecei a estudar na primeira fase do ensino fundamental, percebi com muita frustração que este não era um assunto muito popular entre as crianças; só na segunda fase é que tive contato com uma fantástica professora de matemática que estimulava os alunos com desafios semanais de lógica. Por meio dela passei a levar este assunto mais a sério e a estudar conteúdos avançados no contra-horário. Com o primeiro contato com a OBMEP, meu gosto pela matemática se tornou concreto e correspondido.
O que o Programa de Iniciação Científica da OBMEP mudou na sua vida?
Me apresentou a um novo universo, através do qual tive o prazer de conhecer pessoas com igual paixão por exatas, o que infelizmente é algo difícil em cidades do interior, e descobrir todo um modo autodidata de estudar matemática. A experiência com grandes professores na área e conteúdos diferenciados, além de um contato direto e intenso com matemática todos os dias no fórum, foi sem dúvida uma experiência estimulante para minha vida acadêmica, ao passo que também me tornou um exemplo para meus colegas de sala, que hoje também se interessam em estudar matemática para alcançar bons resultados na OBMEP.
O que pensa em escolher como profissão?
Confesso que antes do PIC, cursar matemática era apenas mais umas das várias opções (de exatas) que eu cogitava, mas agora que caminho para o terceiro ano como estudante do Programa, cursar licenciatura em matemática é mais que um objetivo, é um modo de retribuir e também contribuir para as novas gerações de "meninas da matemática".
Você percebe alguma discriminação por ser menina e gostar de matemática?
Acho que não diretamente discriminação, mas uma supremacia masculina na área de exatas é, de certa forma, um fato um tanto desconfortável para a ala feminina em sala de aula. Tive uma professora de matemática durante o sexto e sétimo ano e depois majoritariamente todos os professores de matemática, física, química e biologia foram apenas homens. Quando conquistei uma medalha de ouro na OBMEP, fui a única garota para a premiação em toda a delegação de Goiás. Dentro do próprio ranking nacional de medalhas é possível notar que há mais garotos que garotas nas melhores colocações. O PIC é um dos locais onde se percebe a mais homogênea participação de ambos os gêneros na área administrativa e didática, mas este é um fato ainda muito distante do ensino público em geral, onde permanece resquícios do pensamento antiquado de que mulheres são filhas de coronéis e ensinam crianças a ler, e homens são os futuros universitários que vão para capital do Estado para estudar engenharia e continuar o legado dos negócios na indústria da família.
* Anna Carolina é da cidade goiana de São Luis de Montes Belos e é nossa bolsista no PIC-OBMEP desde o ano passado.
Premiação OBMEP 2013: Ouro
Premiação OBMEP 2012: Menção honrosa
Premiação OBMEP 2011: OuroGabriella Maria Radke Chaves **
Como você percebeu que gostava de matemática?
Eu tinha alguma inclinação e facilidade com a matemática desde pequena, mas a partir da 4ª série (quando minha professora nos ensinava "coisas extras"), comecei a ter essa paixão despertada. Mas notei que gostava de matemática mesmo na 5ª série, sendo que só ano passado, numa escola de verão na Alemanha, decidi que é isso que quero fazer na minha vida.
O que o Programa de Iniciação Científica da OBMEP mudou na sua vida?
Me deu oportunidade de expandir meus horizontes, aprender coisas que não saberia que existiam se dependesse só do currículo normal. Além disso, eu pude ter contato com gente que gostava da mesma coisa que eu, o que é muito gratificante, pois todos os alunos, professores e monitores são muito dedicados. Participar do PIC não me trouxe só um background maior de matemática, mas sobre a vida.
O que pensa em escolher como profissão?
Quero ser matemática! Pesquisadora (e por consequência, professora).
Você percebe alguma discriminação por ser menina e gostar de matemática?
Dentro da área de matemática nunca sofri discriminação. Acredito que essa disciplina é bonita justamente por isso, ela não permite esse tipo de coisa (ou a pessoa tem problemas sérios e não merece respeito). Agora, dentro da área de ciência e tecnologia, já sofri sim. Talvez não de uma forma direta, mas algumas vezes não pude participar de um projeto simplesmente porque somente meninos eram selecionados (apesar da seleção ser aberta). E não adianta quanto eu falei que é injusto não ter uma menina lá, porque várias delas são mais qualificadas que o participante masculino. Me responderam que sou paranoica e que não é assim, já que a proporção de meninos é sempre maior que a de meninas (o que não justifica). Além disso, já notei que, se a menina falhar em algum momento no projeto, a culpa que colocam nela pode ser maior caso fosse um menino. Mas creio que isso foi uma construção social do passado que está sendo destruída aos poucos. As mulheres, de fato, têm conquistado espaço e quebrando barreiras formais (mas ainda restam as psicológicas...), mas é deprimente saber que quanto maior o grau hierárquico de uma posição, menos mulheres você encontrará lá.
** Gabriela é catarinense da cidade de Joinvile e é bolsista do PIC-OBMEP desde 2010.Links com mais material:
http://www.obmep.org.br/prog_ic_2008.html
http://cnpq.br/web/guest/pic-obmep
Equipe Popularização da Ciência
- Qua, 26 Mar 2014 10:15:00 -0300
Aïda Espinola: uma pioneira da área de química industrial
A pesquisadora Aïda Espinola tinha o sonho de ser doutora em medicina, mas, por influência do pai, acabou partindo para a química industrial, área em que se destacou com os estudos das rochas dos reservatórios de petróleo no Brasil.
Mesmo não alimentando sentimentos como “pioneira da ciência” e “desbravadora” e próxima de inaugurar seus 94 anos, o seu currículo traz ainda o curso de engenharia química, como também mestrado e doutorado nos Estados Unidos e quatro pós-doutorados. Aos 21 anos passou no concurso para tecnologista do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Destacam-se, ainda, o título de Pesquisadora Emérita do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da americana Universidade Estadual da Pensilvânia.
Um fato histórico mundial foi seu laboratório ter sido convidado pela NASA para analisar as amostras de rochas recolhidas em locais pré-determinados na Lua por Neil Armstrong na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Seus estudos também foram importantes para construir o ônibus verde, movido a hidrogênio, que circula hoje na UFRJ.
Sobre as pesquisas na sua área, Aïda Espinola ressalta que “quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos”.
Confira abaixo entrevista com Aïda Espinola:
A sra. se dedicou a estudar os minérios brasileiros, trabalho que, inclusive, resultou em várias honrarias e recebimento de prêmios. Por que este tema despertou sua atenção, principalmente no momento em que o Brasil ainda não tinha tradição em pesquisa? Qual importância para um país ter o mapeamento do seu solo e subsolo?
O meu grande sonho era ser "doutora", e entendia que deveria cursar medicina. Meu pai foi aconselhado por um amigo que trabalhava com ele, e que dizia "esta menina é muito bonita. Se ela for cursar medicina, que tem duração de seis anos, ela não completará o curso, porque casará bem antes. Ela tem de fazer química, que são quatro anos". Convenceu-o, assim, de que eu estudaria química. Eu obedeci prontamente.
Logo após minha formatura, indo visitar a Escola Nacional de Química, logo à entrada, encontrei dois colegas, um deles, Paulo Emidio Barbosa, os quais informaram-me que o Departamento Nacional da Produção Mineral tinha aberto concurso para o cargo de tecnologista químico. Retornando à minha casa, comentei com mamãe, que logo se informou da documentação necessária, providenciando a minha inscrição.
O meu resultado, neste concurso público do DASP, foi de 1º lugar para o cargo de tecnologista químico, com admissão em março 1942. Trabalhando nos laboratórios do DNPM durante vários anos, realizei inúmeras análises, que atualmente são reconhecidas de grande importância em termos do conhecimento de reservas minerais no Brasil.
Quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos.
Quais são os grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar para estimular e apoiar a pesquisa em engenharia química?
Atualmente, temos grandes centros de pesquisa que estão à frente de novos conhecimentos, destacando-se a COPPE/UFRJ, sob a direção de Luiz Pinguelli Rosa, Segen Farid Estefen e Edson Watanabe, que desenvolvem vários projetos pioneiros, tais como o Ônibus a Hidrogênio (o Ônibus Verde) e a Geração de Energia por Ondas do Mar.
Seu laboratório foi escolhido pela Nasa para analisar rochas recolhidas na Lua. Que material foi analisado? Ficamos com algum material? Além da senhora, qual equipe a auxiliou?
Uma das curiosidades de meu trabalho em análises de rochas foi ter sido, o meu laboratório, escolhido pela NASA, entre numerosos outros laboratórios, para análise das amostras de rochas recolhidas na Lua por Neil Armstrong em locais pré-determinados na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Esta expedição foi responsável pelo lançamento de diversas tecnologias, das pilhas a combustível ao sistema da comida desidratada, passando pelas comunicações sem fio (Wi-Fi). Meu trabalho de laboratório era, comumente, sem auxiliares imediatos.
Como a sra. vê iniciativas que visam a tornar a ciência mais conhecida do público?
Figuras publicadas na ACS News, C&EM, 4 dez. 1995, pág. 46.
São essencialmente importantes as iniciativas para tornar a ciência mais conhecida, despertando o interesse desde as crianças. Nos diversos anos em que residi nos Estados Unidos, participei da Semana Nacional de Química, que é uma atividade para todas as escolas, e para crianças de todas as idades, que assim se iniciam com várias experiências e descobertas, sendo despertadas para esse campo. Algumas já declaram: "Vou ser Químico". No Brasil, estimulando este conhecimento, o Ministério da Ciência e Tecnologia iniciou, no ano de 2004, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que foi instituída mediante Decreto Federal datado de 09 de junho de 2004 e regulamentada pela Portaria 352. Dentre os seus principais objetivos, destaca-se a aproximação da comunidade, principalmente as crianças e os jovens, das atividades científicas e tecnológicas, propiciando que a população tome ciência de resultados obtidos e, desta forma, possa discutir a importância e os impactos de tais atividades no cotidiano.
Como é se sentir uma pioneira, uma desbravadora?Na minha atividade, não aplico sentimentos especiais, como os de pioneira e desbravadora. Sempre executei o trabalho com naturalidade, sem artifícios. Nunca fui discriminada, em qualquer atividade, seja no estudo na escola, na universidade, na pesquisa científica. E, aos alunos, sempre procurei estimular, a busca de publicações novas. Vale o destaque ao meu interesse pelo valor da ética, repetindo que, na China, a falta de ética pode levar ao rompimento do contrato de emprego universitário.
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
Foto: Daryan Dornelles (revista CLAUDIA)
- Ter, 11 Mar 2014 15:07:00 -0300
Aïda Espinola: uma pioneira da área de química industrial
A pesquisadora Aída Espinola tinha o sonho de ser doutora em medicina, mas, por influência do pai, acabou partindo para a química industrial...A pesquisadora Aïda Espinola tinha o sonho de ser doutora em medicina, mas, por influência do pai, acabou partindo para a química industrial, área em que se destacou com os estudos das rochas dos reservatórios de petróleo no Brasil.
Mesmo não alimentando sentimentos como “pioneira da ciência” e “desbravadora” e próxima de inaugurar seus 94 anos, o seu currículo traz ainda o curso de engenharia química, como também mestrado e doutorado nos Estados Unidos e quatro pós-doutorados. Aos 21 anos passou no concurso para tecnologista do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Destacam-se, ainda, o título de Pesquisadora Emérita do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da americana Universidade Estadual da Pensilvânia.
Um fato histórico mundial foi seu laboratório ter sido convidado pela NASA para analisar as amostras de rochas recolhidas em locais pré-determinados na Lua por Neil Armstrong na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Seus estudos também foram importantes para construir o ônibus verde, movido a hidrogênio, que circula hoje na UFRJ.
Sobre as pesquisas na sua área, Aïda Espinola ressalta que “quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos”.
Confira abaixo entrevista com Aïda Espinola:
A sra. se dedicou a estudar os minérios brasileiros, trabalho que, inclusive, resultou em várias honrarias e recebimento de prêmios. Por que este tema despertou sua atenção, principalmente no momento em que o Brasil ainda não tinha tradição em pesquisa? Qual importância para um país ter o mapeamento do seu solo e subsolo?
O meu grande sonho era ser "doutora", e entendia que deveria cursar medicina. Meu pai foi aconselhado por um amigo que trabalhava com ele, e que dizia "esta menina é muito bonita. Se ela for cursar medicina, que tem duração de seis anos, ela não completará o curso, porque casará bem antes. Ela tem de fazer química, que são quatro anos". Convenceu-o, assim, de que eu estudaria química. Eu obedeci prontamente.
Logo após minha formatura, indo visitar a Escola Nacional de Química, logo à entrada, encontrei dois colegas, um deles, Paulo Emidio Barbosa, os quais informaram-me que o Departamento Nacional da Produção Mineral tinha aberto concurso para o cargo de tecnologista químico. Retornando à minha casa, comentei com mamãe, que logo se informou da documentação necessária, providenciando a minha inscrição.
O meu resultado, neste concurso público do DASP, foi de 1º lugar para o cargo de tecnologista químico, com admissão em março 1942. Trabalhando nos laboratórios do DNPM durante vários anos, realizei inúmeras análises, que atualmente são reconhecidas de grande importância em termos do conhecimento de reservas minerais no Brasil.
Quando um país tem um mapeamento completo de suas riquezas, no solo e no subsolo, ele pode planejar o futuro com base no aproveitamento desses recursos.
Quais são os grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar para estimular e apoiar a pesquisa em engenharia química?
Atualmente, temos grandes centros de pesquisa que estão à frente de novos conhecimentos, destacando-se a COPPE/UFRJ, sob a direção de Luiz Pinguelli Rosa, Segen Farid Estefen e Edson Watanabe, que desenvolvem vários projetos pioneiros, tais como o Ônibus a Hidrogênio (o Ônibus Verde) e a Geração de Energia por Ondas do Mar.
Seu laboratório foi escolhido pela Nasa para analisar rochas recolhidas na Lua. Que material foi analisado? Ficamos com algum material? Além da senhora, qual equipe a auxiliou?
Uma das curiosidades de meu trabalho em análises de rochas foi ter sido, o meu laboratório, escolhido pela NASA, entre numerosos outros laboratórios, para análise das amostras de rochas recolhidas na Lua por Neil Armstrong em locais pré-determinados na expedição da Apollo 11, que posou na Lua, em 20 de julho de 1969. Esta expedição foi responsável pelo lançamento de diversas tecnologias, das pilhas a combustível ao sistema da comida desidratada, passando pelas comunicações sem fio (Wi-Fi). Meu trabalho de laboratório era, comumente, sem auxiliares imediatos.
Como a sra. vê iniciativas que visam a tornar a ciência mais conhecida do público?
Figuras publicadas na ACS News, C&EM, 4 dez. 1995, pág. 46.
São essencialmente importantes as iniciativas para tornar a ciência mais conhecida, despertando o interesse desde as crianças. Nos diversos anos em que residi nos Estados Unidos, participei da Semana Nacional de Química, que é uma atividade para todas as escolas, e para crianças de todas as idades, que assim se iniciam com várias experiências e descobertas, sendo despertadas para esse campo. Algumas já declaram: "Vou ser Químico". No Brasil, estimulando este conhecimento, o Ministério da Ciência e Tecnologia iniciou, no ano de 2004, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que foi instituída mediante Decreto Federal datado de 09 de junho de 2004 e regulamentada pela Portaria 352. Dentre os seus principais objetivos, destaca-se a aproximação da comunidade, principalmente as crianças e os jovens, das atividades científicas e tecnológicas, propiciando que a população tome ciência de resultados obtidos e, desta forma, possa discutir a importância e os impactos de tais atividades no cotidiano.
Como é se sentir uma pioneira, uma desbravadora?
Na minha atividade, não aplico sentimentos especiais, como os de pioneira e desbravadora. Sempre executei o trabalho com naturalidade, sem artifícios. Nunca fui discriminada, em qualquer atividade, seja no estudo na escola, na universidade, na pesquisa científica. E, aos alunos, sempre procurei estimular, a busca de publicações novas. Vale o destaque ao meu interesse pelo valor da ética, repetindo que, na China, a falta de ética pode levar ao rompimento do contrato de emprego universitário.
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
Foto: Daryan Dornelles (revista CLAUDIA)
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas