Bolsista de doutorado encontra maior árvore tropical do mundo
- Seg, 09 Nov 2015 14:49:00 -0200
Bolsista de doutorado encontra maior árvore tropical do mundo
Matheus Nunes faz doutorado no Departamento de Plant Sciences da Universidade de Cambridge, Reino Unido, com bolsa do CNPq. O grupo de pesquisa ao qual o estudante está integrado realiza pesquisas para conhecer como as mudanças climáticas globais afetam e como afetarão as florestas do planeta.Grande proximidade entre as duas árvores pode contribuir para responder à questão de como fatores ambientais e ou genéticos influenciam no crescimento em altura das árvores
Matheus Nunes faz doutorado no Departamento de Plant Sciences da Universidade de Cambridge, Reino Unido, com bolsa do CNPq. O grupo de pesquisa ao qual o estudante está integrado realiza pesquisas para conhecer como as mudanças climáticas globais afetam e como afetarão as florestas do planeta.
As pesquisas realizadas por Matheus para seu projeto de doutorado estão sendo levantadas em diversas florestas na ilha de Borneo, na Malásia. O orientador do bolsista, David Coomes, da Universidade de Cambridge, já havia percebido a possibilidade da existência de árvores muito altas em lugares com nenhum histórico de intervenção humana, utilizando um sensoriamento remoto aerotransportado denominado Lidar.
A partir desta informação, o bolsista e Alex Shuttleworth, um estudante de geografia também da Universidade de Cambridge, partiram para buscar as árvores em um dos locais do seu estudo, a área de conservação Maliau Basin, levando um hipsômetro, instrumento para determinar a altura das árvores.
“Não só encontramos como também validamos duas árvores vizinhas, do gênero Shorea, cujo nome popular é Dipterocarpo. Elas batem em 2 metros e 30cm o recorde mundial encontrado em 2007 de árvores tropicais mais altas do mundo, identificado por americanos em Tawau Hills Park, no estado de Sabah, na Malásia. A mais alta mede 90.6 m e a segunda 89.5 m”, comemora Matheus.
Para Matheus Nunes, um fato interessante é a grande proximidade entre as duas árvores, o que pode contribuir para responder à questão de como fatores ambientais e ou genéticos influenciam no crescimento em altura das árvores. “Descobrir o ser vivo mais alto do mundo tropical significa construir um interesse público, entusiasmo e apreciação pelas árvores. Maliau Basin é considerada uma área de extrema importância para a conservação da biodiversidade do planeta e levantá-la ao status de floresta tropical mais alta do mundo a partir da descoberta destas duas árvores implicará em mais recursos e maior valorização de toda a região”, reflete o bolsista do CNPq.
Doutorado
Os estudos realizados por Matheus, iniciados neste ano na Universidade de Cambridge, estão envolvendo o uso da tecnologia Lidar (o sensoriamento remoto aerotransportado) para escanear florestas da ilha de Borneo e conhecer como ocorre a variação do estoque de carbono sob diversas fontes de mudanças, como distúrbio, variações no solo, topográficas e variações climáticas.
Matheus Nunes espera entender quais fatores de mudanças globais afetam as emissões de carbono das florestas para a atmosfera e quais fatores são importantes para que o sequestro de carbono seja mais eficiente em florestas tropicais.
“Estamos usando vôos com este sensor Lidar em conjunto com espectrômetros para determinar a composição química a partir da reflectância das copas das árvores nas mesmas florestas tropicais. Conhecer a composição química detalhada em grandes escalas nos permitirá relacionar a diversidade das espécies com características ambientais, buscando entender como mudanças globais afetam a biodiversidade, e como estas mesmas espécies reagem para evoluir dentro de um contexto de muitas mudanças” informa o jovem bolsista que espera ainda que uso do sensoriamento possa identificar as espécies em florestas de alta diversidade a partir da composição química das árvores mais altas da floresta, resultado que aumentaria a eficiência na identificação de espécies e determinação da diversidade.
Detalhes sobre as coordenadas do local das árvores mais altas do mundo serão informados em uma publicação especializada em artigo conjunto com o orientador de Matheus no início do próximo ano.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
Fotos: Arquivo Pessoal
Outras Notícias
- Seg, 03 Fev 2014 16:25:00 -0200
Jovem pesquisador se dedica a estudar evolução e conflito sexual entre as espécies
O biólogo Juliano Morimoto, 22 anos, ex-bolsista do Programa Ciência sem Fronteiras no exterior na graduação e agora doutorando no exterior na Universidade de Oxford com bolsa do CNPq, tem focado sua pesquisa nos estudos do conflito sexual e escolha de parceiros que interferem no processo de especiação e evolução.
Ele trabalha com aspectos relacionados à escolha de parceiros sexuais tanto em machos como em fêmeas e destaca ser fundamental para o surgimento de novas espécies e na resolução ou intensificação do que é conhecido como conflito sexual. De acordo com ele, “conflito sexual é definido pela diferença entre os interesses dos indivíduos do sexo masculino e feminino. Por exemplo, fêmeas de várias espécies não produzem mais filhotes depois de um determinado número de cópulas. Machos, por outro lado, produzem mais filhotes conforme o número de parceiras aumenta. A diferença entre o comportamento dos dois sexos gera um conflito quanto ao número de cópulas os indivíduos da população devem ter”.
Para o jovem pesquisador, a escolha de parceiros pode resolver esse conflito para a fêmea, pois permite com que ela diminua seu número de parceiros mesmo quando machos insistentemente tentam copular. O mesmo é válido para machos. “Quando há uma diferença de qualidade (fecundidade) entre as fêmeas, machos que escolhem fêmeas mais férteis produzem mais filhotes. Assim, a escolha de parceiros pode favorecer tanto um quanto outro sexo, e em alguns casos ambos”, explica Morimoto.
Embora recente, a pesquisa já apresenta resultados preliminares. De acordo com os estudos, as condições de desenvolvimento das fêmeas no início de suas vidas interferem na sua atratividade mais tarde. “Neste sentido, machos escolhem as fêmeas com sinais de alta fecundidade que está relacionado com as condições ambientais que essas fêmeas se desenvolveram. Apesar de parecer simples, a escolha de parceiros é muito mais complicada. Alguns trabalhos sugerem que a flora intestinal altera as escolhas de parceiros, o que é absolutamente incrível. Muito pouco se sabe sobre a escolha de parceiros sexuais apesar de ser uma área-chave para entender, por exemplo, o surgimento de novas espécies”, ressalta o pesquisador Juliano Morimoto.
Para melhor compreender os estudos da evolução das espécies, o bolsista de doutorado considera imprescindível que os estudantes desde o ensino fundamental comecem a conhecer os conceitos fundamentais utilizados pelos biólogos, portanto, encaminhou à Popularização da Ciência do CNPq sua contribuição em forma de texto (abaixo). “A evolução é parte da ciência que nos dá a sensação de encantamento pela natureza e suas formas. O entendimento da vida no planeta é completamente dependente dos seus conceitos. Além disso, a evolução ainda nos dá ferramentas que ajudam na conservação das espécies”, enfatiza o bolsista.
Introdução- A Biologia é a área que estuda a vida na Terra e suas interações com o ambiente. Assim como a Física e a Química, a Biologia é considerada uma ciência básica, pois estuda a natureza como um todo, sem a necessidade primordial de aplicação. As ciências básicas possuem suas próprias “leis” que são usadas para explicar o funcionamento do Universo. Na Física, por exemplo, temos a lei da Gravidade que explica a atração entre os corpos. A Biologia não é diferente. A principal “lei” que explica a vida é conhecida como “Evolução” que é resultado de um processo chamado de “seleção natural”. Esse processo é fundamental para o surgimento e a manutenção da vida na Terra.
Seleção natural e Evolução - A Evolução é a chave que abre as portas do conhecimento sobre a vida e a seleção natural é o equivalente ao guia que nos leva ao longo do tempo. Entretanto, tanto a Evolução como a seleção natural são mal-entendidos em vários aspectos. Um biólogo evolucionista famoso, chamado Theodosius Dobzhansky, uma vez disse que “nada faz sentido exceto à luz da Evolução”. Mas afinal, o que são Evolução e seleção natural? De onde essas ideias vieram?
A teoria da Evolução por meio do processo de seleção natural foi primeiramente proposta por um naturalista inglês chamado Charles Darwin (1809-1882). Em uma viagem pelas Américas, Darwin percebeu que algumas conchas de animais marinhos eram encontradas no topo de montanhas. Como isso era possível? A explicação encontrada por Darwin foi que a superfície da Terra muda ao longo dos anos e que, o que antes era o fundo do mar, hoje pode ser o topo de uma montanha. Mas isso não foi o suficiente para que a teoria da Evolução nascesse. Talvez o trabalho com maior influência na teoria de Darwin foi o livro publicado por um geógrafo da época, chamado Thomas Malthus. O trabalho sugere que, um dia, o número de pessoas será maior que a capacidade máxima de produção de alimento. Então a genialidade de Darwin entra em ação. Ele percebeu que o número de filhotes produzidos é muito maior que a quantidade de adultos sobreviventes. Porque o número máximo de indivíduos que o ambiente pode ‘alimentar’ é menor que o número de indivíduos que nascem, só aqueles indivíduos que são bons em sobreviver conseguem chegar a fase adulta e reproduzir. Por exemplo, imagine uma gata dá a luz vinte filhotes em uma floresta. Os filhotes crescem e tornam-se adultos que saem para caçar. Suponha agora que a quantidade de pombos nessa floresta seja igual a vinte, e que cada gato adulto necessita caçar duas pombas para que ele sobreviva. Neste exemplo, somente dez dos vinte gatos consegue comida suficiente. Assim, só os gatos mais eficientes na caça é que conseguem sobreviver. Nas palavras de Darwin, os gatos mais eficientes na caça são melhoresadaptados ao ambiente e, consequentemente, conseguem sobreviver e reproduzir.
Você já percebeu como filhos se parecem mais com os pais quando comparados com os avós e bisavós? Isso é resultado da ação de genes. Genes são porções de DNA responsáveis pelo controle, estruturação e funcionamento dos organismos. Filhos são mais parecidos com os pais porque eles têm metade dos genes herdados do pai e a outra metade, da mãe. O DNA dos pais é copiado por um processo chamado replicação, que permite que os genes sejam transmitidos aos filhos. Entretanto, alguns mínimos erros ocorrem no processo de cópia, esses erros são chamados de mutações. Apesar de o termo agregar um valor negativo, mutações são na verdade a matéria-prima para a Evolução. Em outras palavras, não há Evolução sem mutações. Retornando ao nosso exemplo, a nossa gata teria filhotes com algumas poucas, porém diferentes mutações. Uma das mutações pode aumentar a agilidade do indivíduo, outra pode ser responsável pela mudança de cor, entre outros diversos efeitos que podem ser causados. Agora a seleção natural pode atuar. Suponhamos que o ambiente seleciona os indivíduos mais ágeis. Assim, só os gatinhos mais ágeis conseguirão sobreviver e se reproduzir. Agora imagine esse processo por milhões e milhões de anos, com gatinhos mais ágeis a cada geração. Em um determinado ponto no tempo, nós podemos nos deparar com um Guepardo, que é da mesma família dos nossos gatinhos domésticos, mas que pode alcançar a incrível marca de 120km/h em um corrida de curta distância! (Figura 01)
Figura 01 – Um Guepardo (Acinonyx jubatus). Este felídeo é capaz de atingir
até 120km/h em corridas de curtas distâncias atrás de suas presas.Evolução por meio de seleção natural é ainda mais fascinante quando descobrimos que não há um ponto final, isto é, não há um “gato modelo-perfeito” o qual a seleção natural deseja atingir. Além disso, a seleção natural acontece em várias direções distintas dependendo do animal. Por exemplo, alguns gatos podem ser selecionados por ter mutações que os tornam mais ágeis, enquanto que outros gatos podem ter mutações que mudam seus hábitos alimentares, e também serem selecionados e sobreviverem. É isso, e somente isso, que explica a grande diversidade de animais encontrados na Terra. Contudo, a seleção natural não ocorre somente em animais. Ela ocorre em plantas, fungos, bactérias, vírus e quaisquer seres vivos do planeta. Não há espécie alguma na Terra que não seja alvo da seleção natural.
Um fato essencial para que a evolução ocorra é a escala de tempo. Repare que no nosso exemplo, eu usei MILHÕES DE ANOS. Seres humanos têm dificuldade de imaginar uma escala de tempo de milhões de anos tendo em vista que nós vivemos pouco menos de um século. Mas as espécies evoluem lentamente (com exceção de bactérias e vírus) e grandes diferenças são detectadas após muitas gerações de seleção. Esse argumento pode parecer improvável devido à longa escala de tempo, porém, a Terra tem idade de 4,5 bilhões de anos, tempo suficiente para que a Evolução ocorra.
Seleção Sexual– Darwin foi um dos maiores gênios de todos os tempos. Além do conceito de seleção natural explicado anteriormente, ele também propôs outro tipo de processo, chamado de seleção sexual, o qual ele dedicou um dos capítulos do seu mais famoso livro (A Origem das Espécies) e um livro completo, chamado The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex. Segundo Darwin, a seleção sexual é um processo tão poderoso quanto à seleção natural. Entretanto, ele notou que a seleção natural é letal, enquanto que a seleção sexual não é. Em outras palavras, indivíduos selecionados negativamente por meio da seleção natural morrem, enquanto que os selecionados negativamente pela seleção sexual apenas não obtém parceiros para reproduzir.
O conceito de Seleção Sexual nasceu a partir da observação de que, em geral, machos de varias espécies possuem plumagens coloridas ou cores exuberantes em nadadeiras, partes do corpo exageradas que até mesmo interferem na sobrevivência do individuo. Um exemplo clássico disso é a cauda do pavão (Figura 02). A cauda do pavão é enorme, e atrapalha a sobrevivência dos machos. Contudo, essa cauda só está presente em machos, e as fêmeas do pavão geralmente possuem cores não muito atrativas. O macho, sim, possui cores exuberantes e exibe sua cauda à fêmea na época do acasalamento como forma de “cortejo”. Darwin já sabia do caso dos pavões e de muitos outros, e ele estava particularmente intrigado na forma com que esses “órgãos de exibição” (termo técnico : características sexuais secundarias) evoluíam. A explicação dada por Darwin foi que esses órgãos, apesar de atrapalharem a sobrevivência do individuo em um primeiro instante, atrai mais parceiros para cópula, o que aumenta o número de filhotes que este indivíduo tem antes de morrer. Assim, indivíduos com características sexuais secundárias exuberantes deixariam mais descendentes que indivíduos que não possuem essas características.
Mas você deve estar se perguntando “e por que, em geral, só machos possuem essas características sexuais secundárias?”
A resposta é que, exceto alguns casos, os machos competem entre si para conquistar as fêmeas. No caso do pavão, essa competição se dá pelo show apresentado por cada macho com a sua cauda. As fêmeas, por outro lado, escolhem o macho mais exuberante dentre os competidores para copularem. A exceção é quando os machos e fêmeas têm os papéis invertidos. Nesse caso, os machos é que cuidam dos filhotes e as fêmeas é que competem entre si para terem acesso aos melhores “pais” para seus filhos. Nesses casos, as características sexuais secundárias aparecem na fêmea, como prevê a teoria de seleção sexual.
Figura 02– Pavão exibindo sua cauda em um comportamento relacionado à corte da fêmea.
Conclusão: Por que estudar evolução? Evolução é a área da ciência que dá sentido a toda uma ciência. Sem o estudo da Evolução, o combate de doenças é ineficaz uma vez que bactérias evoluem de acordo com o uso de antibióticos. O mesmo acontece com pragas e agrotóxicos. Alguns indivíduos que são resistentes a esses compostos químicos sobrevivem e conseguem se reproduzir. A partir de então, a população de bactérias ou pragas retorna, mas, dessa vez, resistente ao químico. Essa dinâmica só pode ser explicada pela teoria Evolutiva. Células tumorais também são alvo da teoria evolutiva. Tumores crescem e se espalham rapidamente no organismo porque, entre outras coisas, são melhores competidores que as células normais por recursos.
A evolução é parte da ciência que nos dá a sensação de encantamento pela natureza e suas formas. O entendimento da vida no planeta é completamente dependente dos seus conceitos. Além disso, a evolução ainda nos dá ferramentas que ajudam na conservação das espécies. As datas dos fósseis e as relações entre as espécies, bem como a origem da vida, são explicadas com um argumento altamente consistente pela ciência, entretanto, muito do nosso Universo permanece obscuro e precisa de mais investigação para que possamos, cada vez mais, nos admirar com as maravilhas das ciências naturais.
Equipe Popularização da Ciência
- Qua, 29 Jan 2014 15:33:00 -0200
Pesquisadores criam filtro solar eficiente e com maior proteção
Uma inovação brasileira em área de ponta da nanotecnologia, que contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem grande potencial de transformar a indústria de cosméticos até em nível internacional. Pesquisadores da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criaram um processo de encapsulamento em nanopartículas para ser aplicado em filtros solares, aumentando a eficiência e evitando alergias ao produto quando em contato com a pele.
O encapsulamento de nanopartículas é a maneira em que se coloca uma substância, denominada princípio ativo, dentro de uma bolinha ou dentro de uma partícula pequena, que pode ser usado em alguma aplicação particular. Este princípio ativo pode ser, por exemplo, um medicamento para tratar uma doença, sabão para lavar roupa, um filtro solar que vai ser usado para proteger a pele ou outro princípio ativo qualquer.
De acordo com o coordenador da pesquisa, José Carlos Costa Pinto, vinculado ao Programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ, o princípio ativo ou substância muitas vezes quando usado diretamente na pele não tem a mesma eficiência ou pode causar algum prejuízo. ”Por exemplo, no caso do filtro solar, por que é interessante colocar dentro de uma bolinha uma partícula? Porque alguns filtros solares são absorvidos pela pele e acabam interferindo no nosso mecanismo interno do corpo humano. Alguns são poucos tolerados e não são substâncias que fazem bem à saúde. Então, evitar o contato do filtro solar com a pele é importante, mas ao mesmo tempo a função é estar sob a pele”, explicou Costa Pinto, que também é pesquisador em Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq e foi até recentemente coordenador do Comitê de Engenharia Química do CNPq.
O processo
José Carlos explica que existem várias maneiras de fazer o processo de encapsulamento. Uma das maneiras de compreender o processo é a utilizada pelo seu grupo de pesquisa, em que se bate com muita força, num liquidificador ultrapotente, uma mistura de água e azeite. O azeite forma bolinhas que ficam suspensas no meio da água e nelas coloca-se um princípio ativo ou outro condimento que, na área técnica, é chamado de catalisador, que faz com que a bolinha endureça. “Esses materiais ou produtos, denominados de emulsões, contém as nanoemulsões, nanocápsulas com o princípio ativo, e encontram usos em muitas áreas. No nosso grupo de pesquisa, trabalhamos para encontrar aplicações destes produtos em vários segmentos tanto na área da saúde como na tecnológica”, disse o pesquisador.
Diferentes usos
Além do filtro solar, por exemplo, os pesquisadores da Coppe estudam o encapsulamento de um remédio chamado de praziquantel, usado no tratamento da esquistossomose. Eles desenvolveram uma técnica que permite que o medicamento fique dentro da nanopartícula, da bolinha. “Este medicamento tem um gosto muito ruim. O tratamento da esquistossomose, em particular em crianças, é problemático e pouco eficiente porque causa vômitos e há recusa de tomar remédio por parte do paciente. Colocando o remédio dentro da bolinha, a língua não entra em contato com o remédio, o gosto desaparece e a criança acaba tendo uma tolerância maior ao medicamento”, informa José Carlos.
Há outra forma de utilizar esse processo além da saúde. O grupo de José Carlos na COPPE tem colocado compostos ácidos dentro de bolinhas muito pequenininhas e as injeta diretamente nos poços de perfuração de petróleo. “Como as bolinhas são muito pequenas, elas podem ser bombeadas através do poço até uma determinada região do solo onde o ácido vai sendo liberado, ajudando a corroer e tornando a exploração do poço de petróleo mais fácil. Então, como podemos ver, este é um tipo de tecnologia que pode ter usos em diferentes áreas de aplicação” afirma o coordenador.
Patentes
Segundo o pesquisador, as tecnologias desenvolvidas na Coppe são depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), mas o processo é muito longo, particularmente no Brasil. “Temos patentes solicitadas e depositadas de todas essas tecnologias, mas o tempo para concessão da patente é muito longo e o processo não chegou ainda ao final, mas essas tecnologias estão protegidas” ,disse.
Esses projetos têm contado, além do CNPq, com a parceria de instituições tanto governamentais como privadas, como BNDES, Finep, Petrobrás, Fiocruz, Braskem, Faperj e Capes.
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
- Qua, 27 Nov 2013 10:21:00 -0200
Distrito Federal terá museu de ciência
Brasília ganha Museu de Ciência e Tecnologia. Criado por decreto do Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, em 13 de novembro, o Museu fica vinculado à Secretaria de Cultura do DF e já tem terreno definido. A estrutura administrativa será criada em até 180 dias.
O novo museu tem o objetivo de promover a educação científica e tecnológica por meio de programas inovadores que estimulem a curiosidade e a investigação científicas para público leigo.
Além de criar um novo pólo educacional, cultural, de turismo e lazer na capital da República, o Museu se dedicará também a ampliar o conhecimento dos professores do ensino fundamental e médio, principalmente nas áreas de Matemática, Ciências da Natureza e tecnologias, buscando a atualização das práticas educacionais, incluir socialmente jovens e adultos por meio da formação em ciência e tecnologia, estimular a visitação ao museu por meio de programação específica entre outras atividades.
Um dos pioneiros da física no Brasil, coordenador de Projetos do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP-São Carlos) e diretor do Programa Internacional de Estudos e Projetos para a América Latina (PIEPAL), o pesquisador Sérgio Mascarenhas ressalta que os museus e centros de ciência precisam ser interativos e cada experimento tenha interação digital com perguntas sobre o próprio experimento, simples e com múltipla escolha, como em uma prova. Na entrada do museu, o usuário receberia uma senha digital (smartcard) ou senha num pape. A cada experimento, responde num monitor e acumula pontos com os acertos. Ao sair, passa o cartão e recebe uma espécie de "peso que cresceu de conhecimentos", uma espécie de nota.
Para Sérgio Mascarenhas, no último "experimento" ou "baú da inovação”, o visitante poderia propor modificações, inovação com novos experimentos, votar nos melhores e piores e deixar identificação para receber respostas dos analistas do museu e até prêmios. “Com o banco de dados resultante, pode haver avaliação continua dos experimentos por parte dos curadores, do nível dos visitantes e talvez das escolas de origem. Com a mudança de experimentos, pode-se “calibrar" os experimentos em fáceis, médios, difíceis”, explica Sérgio Mascarenhas, que também se dedica a projetos educativos e de divulgação para crianças e jovens.
Equipe Popularização da Ciência do CNPq
- Seg, 21 Out 2013 18:58:00 -0200
Pesquisa revela o cotidiano da infância de crianças negras no pós-abolição dos escravos
As crianças negras e pobres, principalmente, foram e continuam sendo invisíveis e emudecidas no Brasil. Esta é uma das conclusões de um trabalho baseado em imagense fotografias da criança e de sua infância no século XIX e início do XX, período marcado pela abolição de escravidão negra na sociedade brasileira e a passagem do regime monárquico para a República.
Coordenada pela professora Anete Abramowicz, da Universidade Federal de São Carlose bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, a Pesquisa Representações da Criança e da Infância na iconografia brasileira dos anos 1880-1940 teve o objetivo de retratar comoas crianças foram registradas neste período e reconhecer a fonte iconográfica como um documento legítimo para a construção da história da criança.Para a pesquisadora, a sociedade brasileira é "adultocêntrica e não há espaço social para as crianças cujas falas não são consideradas como legítimas na ordem discursiva hegemônica". "Uma das conclusões que chegamos é sobre a invisibilidade das crianças neste período e encontramos também crianças negras em retratos que contemplam cenas da vida cotidiana sem alusão a escravidão e que de certa forma ¿faz fugir' uma determinada iconografia dominante neste período, marcada pelo pitoresco e exótico da escravidão e pela invisibilidade das crianças na vida social", afirma a professora Anete Abramowicz.
Na pesquisa, foram utilizados imagens e fotos dos acervos escolares e de museus históricos localizados em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio de Janeiro, Paris e Portugal. "Não há no Brasil e também internacionalmente, um trabalho nesta clivagem: crianças e negras representadas. Foi um trabalho que continua até hoje, pois as imagens são bem raras", ressalta a pesquisadora.
Fonte: Fotógrafo desconhecido. Fazenda do Pinhal. São Carlos
Foto evidencia que há uma menina negra, provavelmente filha de escravizados da fazenda, com vestimentas claramente distintas das mulheres do barco. A menina está com os pés descalços denotando uma marca da escravidão e da pobreza. O outro momento desta imagem refere-se às letras encontradas acima de cada mulher retratada. A única que não possuía uma letra acima de sua imagem é a menina. Este fato mostra que ela não foi identificada por quem olhou a foto. Esta foto explicita, de certa forma, esta menina não é visível da mesma maneira que as mulheres e também não está oculta (texto da pesquisadora)
Confira a entrevista da pesquisadora
Popciência - Quais os motivos a levaram a estudar a representação da criança eda infância brasileira por meio da iconografia?
Em 1960, o historiador Phillipe Ariès escreveu um livro que foi traduzido para o Brasil posteriormente, com o nome História Social da Criança e da Família, e que se tornou uma espécie de marco zero de uma concepção social da criança e da infância. Nesta obra, ele constrói um conceito denominado "sentimento da infância", que significa o nascimento da particularidade da criança em relação ao adulto, e um sentimento moderno em relação à criança. Este conceito, mesmo tendo recebido inúmeras críticas, pretendeu configurar a história social da criança e da infância, de maneira inédita na historiografia. A metodologia utilizada por Ariès foi a iconografia. Ele mostrou quando e de que maneira as crianças, em especial as crianças filhos dos nobres e as das classes burguesas, aparecem representadas nos quadros dos pintores. Novamente, há muitas críticas metodológicas também a este trabalho. De toda a maneira, resolvemos tomar a iconografia como uma metodologia válida muito eficaz e fomos buscar, a partir de um recorte teórico central raça, imagens de crianças negras no período proposto. Não há no Brasil e também internacionalmente, um trabalho nesta clivagem: crianças e negras representadas. Foi um trabalho que continua até hoje, pois as imagens são bem raras.
Popciência - Por que foi escolhido o recorte nos anos 1880 a 1940 para pesquisa?
Ao propormos um trabalho iconográfico da criança e de sua infância no Século XIX e início do XX, pretendíamos, por um lado, deixar um registro de crianças que raramente foram retratadas especialmente neste período. Por outro lado, reconhecer a fonte iconográfica como um documento legítimo na invenção e contribuição para a construção da história da criança nesse período. As crianças ocupam um lugar aparentemente periférico na história em geral e isso se reflete na dificuldade em encontrar imagens delas e sobre elas. Ao mesmo tempo em que não são elas que escrevem sua própria história e nem são elas que registram suas imagens, as crianças têm sua história contada e retratada por outros. Num primeiro momento da historiografia da escravidão brasileira, as interpretações economicistas obscureceram o conhecimento mais apurado das relações entre os próprios escravizados, assim como destes com os libertos e os brancos pobres. Salvo raríssimas exceções, conforme Jovino (2010), não houve silêncio nem invisibilidade maior do que aquela que incidiu sobre as mulheres e as crianças escravizadas. Corrobora isso um dos trechos do pioneiro trabalho de Mattoso (MATTOSO, Katia Queirós. O filho da escrava. Em torno da Lei do Ventre Livre. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 8, n. 16, p. 37- 55, mar./ago. 1988 p. 38), ao comentar a dificuldade do trabalho com as fontes (no caso inventários post mortem), que não deixam transparecer os aspectos da vida cotidiana, alegando haver um anonimato redutor na escravidão: "o que se pode dizer então das crianças escravas que são duplamente mudas, e duplamente escravas?" Na realidade, quisemos retratar vidas infames que, como diz Walter Benjamin, vidas que não deixam rastros. Esta é na nossa visão sobre o que tem de mais importante nas pesquisas nas áreas das ciências humanas: captar vidas e pontos de vistas que escapam de uma certa historiografia, no sentido de contar a historia da perspectiva dos invisibilizados, dos infames, daqueles cujas vozes não ressoam.
Popciência - Quais foram os acervos iconográficos pesquisados?Museu e biblioteca da Fazenda do Pinhal (MFP), no município de São Carlos/SP; Instituto Moreira Salles (IMS) e Museu Paulista (MP); no município de São Paulo; Museu Histórico do Município de Dourados/MS(MHMD) e Centro de Documentação Regional (CDR) localizado na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); Biblioteca Pública do Estado da Bahia; Arquivo Público da Bahia (APB); Museu Regional de Vitória da Conquista (MRVC), órgão suplementar da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e no acervo particular do Sr. Dílson Alves dos Santos em Vitória da Conquista. Em Paris, a Biblioteca Richelieu-Louvois, e, em Portugal, o Museu da Imagem de Braga.
Fonte: Militão Augusto de Azevedo, acervo do Museu Paulista,
Universidade de São Paulo.
Fonte: Militão Augusto de Azevedo, acervo do Museu Paulista -Universidade de São Paulo
Saiba mais:
As imagens desta pesquisa podem ser acessadas em: www.criancasinfancias.ufscar.br
ABRAMOWICZ, A.; SILVEIRA, Debora de Barros; Jovino, Ione ; Simião, Lucélio Ferreira. Imagens de crianças e infâncias: a criança na iconografia brasileira dos séculos XIX e XX - doi: 10.5007/2175-795X.2011v29n1p263. Perspectiva, v. 29, p. 263-293, 2011.
ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T. C.; JOVINO, I. S. ; OLIVEIRA, F. DE. Representations of children and childhood in Brazilian Iconography. In: 21st annual conference EECERA, 2011, Genebra. Education from birth: Research, Practices and Educational Policy. Genebra: European Early Childhood Education Research Association, 2011. v. 1. p. 1-405.
ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T. C.. Imagens de crianças e infâncias: a criança da iconografia brasileira do séculos XIX e XX:. In: LASA Rethinking Inequalities, 2009, Rio de Janeiro. LASA Rethinking Inequalities, 2009. v. 1. p. 1-15.
Ione da Silva Jovino. Crianças Negras em Imagens do Século XIX. 2010. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de São Carlos, Orientador: Anete Abramowicz.
Equipe Popularização da Ciência
- Ter, 15 Out 2013 17:16:00 -0300
Pesquisa desvenda como viviam os dinossauros e outros animais no Brasil
Pesquisadores brasileiros já descreveram quase 20 dinossauros e outras formas de vertebrados fósseis que viveram estes animais no país, tais como crocodilos, tartarugas, pterossauros e mosassauros. Esses estudos permitem estabelecer hipóteses sobre o modo de vida desses animais no período de suas existências.Pesquisadores brasileiros já descreveram quase 20 dinossauros e outras formas de vertebrados fósseis que viveram estes animais no país, tais como crocodilos, tartarugas, pterossauros e mosassauros. Esses estudos permitem estabelecer hipóteses sobre o modo de vida desses animais no período de suas existências.
O projeto conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as atividades são desenvolvidas no Laboratório de Processamento de Imagem Digital (LAPID) do Museu Nacional/UFRJ, sob a coordenação do pesquisador Sergio Alex Kugland de Azevedo.
Por meio de aplicação de tecnologias de captura, edição, modelagem e prototipagem física de estruturas relacionadas a vertebrados fósseis, os pesquisadores conseguem visualizar as formas internas dos fósseis. "Na pesquisa em paleoneurologia, estudamos o desenvolvimento e evolução do encéfalo em alguns grupos fósseis com base na modelagem da cavidade intracraniana. Esses estudos permitem estabelecer várias hipóteses sobre o modo de vida dos animais com base na forma de seu encéfalo e órgãos sensoriais correlatos, modelados em função das cavidades auditivas, olfativas, por exemplo", explica o coordenador do projeto.
Araripemys barretoi – mais antiga tartaruga brasileira conhecida
Cerca de 20 dinossauros descritos pelos pesquisadores e os crocodilos, tartarugas, pterossauros e mosassauros ocuparam as regiões brasileiras Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste no Período Triássico, que compreende 251 milhões e 199,6 milhões de anos atrás, e o Cretáceo, entre 145,5 milhões e 65,5 milhões anos.
O coordenador do projeto, Sergio Alex Kugland de Azevedo, destaca como principais resultados das pesquisas a tomografia, modelagem e confecção do protótipo do esqueleto completo de Staurikosaurus price, o sistema locomotor de Saturnalia tupiniquim, o crânio de Tapuiasaurus macedoi, o crânio de Oxalaia quilombensis, o material de Maxakalisaurus topai, entre diversos outros. "Modelamos e estudamos diversos crocodilianos e quelônios fósseis, inclusive espécies de instituições internacionais por meio de projetos de colaboração", complementa o coordenador da pesquisa.
Mariliasuchus amarali – viveu entre 83 e 65 milhões de anos no Cretáceo Superior. Fóssil encontrado na margem direita do córrego Água Formosa, 10 Km ao sul da cidade de Marília, São Paulo
Gondwanatitan faustoi – existiu ente 83 e 65 milhões de anos, no Cretáceo Superior. Fóssil encontrado na Bacia Bauru (Álvares Machado, SP)
Outra linha de pesquisa com biomecânica, também coordenada por Sergio Alex Kugland de Azevedo, procura determinar como se locomoviam estes animais quando existiam e tem como objetivos a criação de modelos para testes biomecânicos, base de reconstruções paleoartísticas, materiais de exposição e permuta de materiais entre instituições. Os pesquisadores utilizam a captura de superfícies e modelagem digital, com base nos esqueletos fósseis digitalizados e modelados. "Esse estudo envolve, inclusive, a captura de formas atuais em vídeo de alta velocidade, base de comparação para determinar funções locomotoras nos fósseis. A prototipagem física, por sua vez, permite a materialização física das estruturas fossilizadas ou daquelas previamente modeladas", afirma o coordenador.
A modelagem dos fósseis é realizada nos laboratórios de computação no LAPID e a prototipagem física nas impressoras deste laboratório em nos da PUCRio e do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI).
Referências
Werner Jr., H. & Lopes, J., 2008. Tecnologias 3D: paleontologia, arqueologia, fetotologia/Tecnologuies 3D: paleontology, archaeology, fetology. Ed. Revinter, Rio de Janeiro, 190p. Lopes, J.; Brancaglion Jr, A.; Azevedo, S.A. & Werner Jr. H. (no prelo). Tecnologias 3D: desvendando o passado, modelando o futuro/3D Technologies: unvealing the past, shaping the future.
Equipe de Popularização da Ciência
popciencia@cnpq.br
Navegue pelo mapa do Portal
- Geral
- Acesso à Informação
- Institucional
- Organograma
- Competências
- Base Jurídica
- Conselho Deliberativo
- Agenda de autoridades
- Diretoria Executiva
- Comitês de Assessoramento
- Comissão de Integridade
- Quem é quem
- Propriedade Intelectual
- Normas
- Comissão de Ética Pública
- Gestão de Documentos
- História
- Servidores
- Estatísticas e Indicadores
- Horário de atendimento
- Organograma
- Bolsas e Auxílios
- Programas
- Prêmios
- Popularização da Ciência
- Comunicação
- Parcerias
- Estudantes
- Pesquisadores
- Universidades
- Empresas